Sunday, January 07, 2007

A utilidade dos camelos, segundo Kant

Poderíamos perguntar o que seria dos beduínos sem o camelo, mas parece que o filósofo alemão Immanuel Kant se pergunta o que seria dos desertos sem o camelo.

Como é perfeita a natureza! Inventou o deserto, mas logo tratou de criar o camelo para viver nele, caso contrário não haveria utilidade nem para um, nem para outro. Utilidade para os homens, bem entendido, porque a natureza está aí apenas para servir aos nossos propósitos. Caso contrário, por que existiria, né?

Que coisa. Até tu, meu rei?

"É também digno de admiração que os desertos de areia contem ainda com o camelo, que parece ter sido criado para a sua travessia, para os não deixar inutilizados". (Kant, A Paz Perpétua, p.143).

6 comments:

Anonymous said...

Não é do Kant a idéia de que a caridade e a compaixão com os animais só servem como treinamento e que só teriam valor moral se fossem praticados com outros homens?

Bjs, Sofista.

Sofista, vc tem algum filósofo(a) preferido(a)? Tem algum que vc não gosta nem de ouvir o nome?

sofista said...

Oi Anônimo!

Realmente não sei, mas tem tudo a ver. :-))

Minha preferência é pela filosofia grega (em particular os sofistas) e pelo existencialismo (especificamente Kierkegaard).

Sofri muito quando tive de ler um certo Álvaro Paes. :-))

Também não me interesso pelos existencialistas cristãos (com exceção de Kierkegaard), e não posso me imaginar lendo O Capital sem me imaginar sofrendo. :-)) Basicamente, não aprecio muito a filosofia que beira a economia, a filosofia marxista de um modo geral e autores muito dogmáticos, com exceção dos filósofos medievais. O resto vai bem. :-))

Bem, além de Sartre, o que lhe interessa na história da filosofia?

Bjs

Anonymous said...

Todos os filósofos que li não foram por interesse direto por filosofia. E foram poucos. Gostaria de me aprofundar. Eu gostava muito de ler Kazantzakis e nisso fui levado a ler nietzsche. De nietzsche para o Schopenhauer é um pulo. Li um pouco de Kant, Clement Rosset (que não me lembro uma palavra), Rousseau, um pouco de Aristóteles, Mircea Eliade... acho que só. Foram leituras esparsas. E isso foi a tempos. Voltei a me interessar por filosofia faz pouco tempo, depois de um período 'esotérico' de leitura que foi tempo perdido, apesar de gostar de mitologia indu.
O filósofo que mais tive prazer em ler foi Schopenhauer. Gostava da forma elegante de seus textos. Mas existem fragilidades na sua filosofia que saltam aos olhos já na primeira leitura.
Ahh também Marx :)))... que até hj me fascina.
Comecei a pouco estudar sobre a questão de gênero.

Mas, sou um total ignorante em filosofia.
Um cara que comecei a ler e odiei foi o Pascal... Ahhh e tudo que tenha por tema Deus, me embrulha o estomago.

Bjs, Sofista.

Vc poderia me ajudar... quais são os filósofos de leitura indispensável para uma bom conhecimento de filosofia?

sofista said...

Oi Anônimo!

Li O Cristo recrucificado, de Kazantzakis, na adolescência, e gostei bastante. Era um dos volumes da coleção Prêmio Nobel.

Eu li pouco de Marx, e por obrigação. :-)) Apenas os Manuscritos, o Manifesto Comunista, A ideologia alemã e as Teses contra Feuerbach, mas o que me interessa nele é o discurso sobre a arte, pela influência sobre a Escola de Frankfurt.

Schopenhauer está entre os que mais me agradam, e que volta e meia releio.

Pascal é divertido. :-))

Via de regra, quando Deus é tema de um filósofo que não seja contemporâneo ou moderno, eu não tenho dificuldade em ler. O Proslógio, de Anselmo de Cantuária, por exemplo, é genial, embora apareça aqui e ali um "Oh Senhor!, Tu, que criaste os céus e a terra etc etc". :-)) Mas quando se trata de contemporâneos, então embrulha o estômago mesmo.

Penso que a filosofia gira em torno de Platão, Aristóteles, Descartes, Kant e Hegel. Todos os outros filósofos trabalham com conceitos ou a partir de conceitos que estão aí.

Mas, para que a coisa não fique vaga, acho que uma boa opção é Michel Foucault. Há de tudo nele: História da Loucura, História da Sexualidade (que pode interessar à sua pesquisa de gênero), análise do discurso, do poder, da psicanálise, da clínica, da arte, da subjetividade etc.

Não é indipensável ler Foucault para se ter um bom conhecimento de filosofia, mas é uma boa porta de entrada.

Bjs

Anonymous said...

Obrigado pela orientação, Sofista.

Hj dei uma procurada por Husserl na biblioteca estadual e em algumas livrarias grandes, mas ou os livros estavam emprestados e nas livrarias só existia um livro que o título era: "Como entender Husserl" (vale a pena comprá-lo?).

Foulcaut sei que não é difícil encontrar. Começarei a lê-lo.

Obrigado pela atenção, Sofista.

bjs.

sofista said...

Anônimo,

Os livros de Husserl não são mesmo muito fáceis de encontrar, porque só recentemente ele começou a ser traduzido no Brasil (com exceção das "Investigações Lógicas", que estão na Coleção Os Pensadores). As "Meditações Cartesianas" são da Madras e as "Idéias", da Idéias & Letras. Há ainda um outro livro traduzido no Brasil pela EDIPUCRS, "A crise da humanidade européia e a filosofia", que não mencionei antes porque não é uma obra central.

Tenho alguma coisa de Husserl e Foucault no pc que posso lhe enviar por e-mail, se lhe interessar.

Não conheço o livro que mencionou, mas comentadores geralmente ajudam mais que atrapalham, especialmente quando o autor é de difícil acesso, como é o caso de Husserl.

Schopenhauer diria o contrário. :-))

Um bom comentador de Sartre, que eu já havia pensado em lhe indicar, é o Gerd Bornheim, publicado pela Perspectiva.

Escreva sempre. É um prazer ler seus comentários.

Bjs