Friday, February 29, 2008

kkkkkkk...!!!!

Eu sei, eu sou chata, implicante, coisa e tal, mas há algumas expressões que não dá prá encarar. Uma delas é o "meu caro". Se em um debate surgir um "meu caro", é hora de sartar fora. Outra é o "veja bem". Então para "ver bem" é preciso escutar o que o outro vai dizer? Tô fora.

Vamos combinar. Tem algo mais infantil que o kkkkkkkk? kkkkkkkk! Admito que 15 anos e kkkkkk estejam de acordo, mas passou disso é ridículo.

Agora triste mesmo é o "meu caro, veja bem... kkkkkkk!" Não creio que possa sair algo decente de uma frase como essa.

Tá certo. É chatice minha mesmo. Vamos combinar.

Tuesday, February 26, 2008

Turismo intelectual (2)

Ainda sobre Bayard e sua tese genial.

As restrições que ele enumera merecem uma consideração, né? Então vamos lá.

a) Vivemos em uma sociedade em que a leitura ainda é sacralizada.

Isto não é verdade. Vivemos em uma época de turistas intelectuais, isto sim. O livro, assim como a academia, deixaram de ser sagrados. Agora, dentro da academia e em círculos intelectuais, é claro que a leitura é sacralizada. Mas é fácil livrar-se desta "opressão social": se não quer ler, saia da academia, mané.

b) É praticamente proibido não ler certos livros;

Sim, para um professor de literatura é obrigatório conhecer a boa literatura. Não necessariamente uma obra em particular, ou um autor em particular, mas tem sim de conhecer aquilo de que fala. Por que um médico tem de conhecer bem o que diz respeito à sua profissão e um professor de literatura não precisa ler? Será apenas por que o médico pode matar e a ignorância não mata necessariamente?

c) É necessário ter lido um livro para ser capaz de falar sobre ele.

É necessário sim, mané. A não ser que queiramos transformar qualidade em espetáculo.

Por fim, o que mais me incomoda na tese de Bayard é o fato de que ela carrega nas entrelinhas a afirmação de que um profissional de ciências humanas não precisa dominar o conteúdo com o qual trabalha; basta o conhecimento superficial e a boa retórica, porque afinal de contas as humanidades não passam disso. As demais ciências é que são sérias.

Monday, February 25, 2008

Turismo intelectual (1)

Um certo Pierre Bayard publicou recentemente o livro "Comment parler des livres que l'on n'a plus lus" (como falar de livros que nunca lemos) e está vendendo bem.

Ele explica, segundo a reportagem clicada no título, que não gosta muito de ler e que nem tem tempo prá isso. Mesmo assim, é obrigado frequentemente a comentar livros que não leu, porque

a) Vivemos em uma sociedade em que a leitura ainda é sacralizada;
b) É praticamente proibido não ler certos livros;
c) É necessário ter lido um livro para ser capaz de falar sobre ele.

Bayard discorda dos três pontos assinalados acima. Tratam-se de restrições à "não-leitura" impostas pelo social que apenas promovem a falta de abertura no contato pessoal, além de gerar sentimentos desnecessários de culpa. Bayard também acha que é perfeitamente possível discutir um livro sem tê-lo lido, mesmo com quem também não o leu.

Sobretudo com quem também não leu, né?

Certo. Então posso comentar este livro que não li, já que o autor não só me autoriza, como me encoraja a fazer isso.

Bayard é professor de literatura da Universidade de Paris. Concordo que ele não precisa ler Proust para ser professor de literatura, desde que a aula não seja sobre Proust. O que não dá prá aceitar é que um professor de literatura afirme que não gosta de ler, que não tem tempo para isso e mais, que não precisa ler.

Ow, isso é má-fé e preguiça intelectual. Para esconder a preguiça até de si mesmo, Bayard inventa uma teoria sobre constrangimento social, como se fossemos obrigados a ler. Não somos, não. Um professor de literatura tem, sim, de ler. Um tradutor tem de gostar de ler. Um professor de filosofia tem de gostar de ler. Mas é só.

Hoje há filmes de boa parte da literatura de porte. Ver o filme e discutir as idéias que estão nele é uma coisa. Apenas ver o filme e/ou ler comentários acerca do livro e discutir com ares de grande entendedor é outra bem diferente. A preguiça intelectual é bem alimentada e a reputação idem.

Não estamos mais em uma era de grandes leitores. Não conheço uma só pessoa da nova geração que tenha lido uma única peça de Shakespeare e se sinta culpado por isso. Não conheço absolutamente ninguém desta nova geração que tenha lido Faulkner, ou alguém que se interesse em ler os clássicos. Onde está a culpa? A interação social de qualidade é prejudicada pelo preconceito contra não-leitores? C'mon.

É claro que a leitura de bons livros humaniza, nos torna mais capazes de enxergar o outro, amplia a cognição, torna o raciocínio melhor articulado, aprimora nossa leitura de mundo etc e tal. Mas Bayard não tem nada disso em vista. Ele apenas acha que teve uma sacada genial ao criar a teoria da opressão dos não-leitores contra os não-leitores para justificar o fato de que ele próprio, apesar de ser professor de literatura de uma das melhores universidades do mundo, simplesmente não lê.

Sunday, February 24, 2008

Vampiros (5): Espíritos anti-democráticos

Depois de escrever o último post, me ocorreu a brilhante idéia de escrever um manual de sobrevivência de mortos-vivos.

Olhe só. Com toda essa expertise em vampirologia e defesa contra mortos-vivos tornada pública e acessível a qualquer mortal, os vampiros não têm como sobreviver. Alguém precisa fazer alguma coisa. Se os vampiros desaparecerem da face da terra, o que será dos vampirólogos? Sobretudo, o que será de nós, meros mortais? Vamos simplesmente morrer e pronto? Desaparecer? Assim, c'est fini? Nãnãnãnão!

Melhor ser um cadáver vivo que um cadáver morto, né não?

Puxa, será que ninguém pensa nisso?

Não temos o direito de escolha? Prefiro ser zumbi a carniça. Dá licença?

E depois, há uma ambição totalitária por trás da caça implacável aos zumbis. É genocídio, promove o desequilíbrio ecológico dos cemitérios e a eliminação da diferença. Como fica a democracia, santa?

Eitcha. Minha idéia é mesmo muito boa. Só não sei se vai vender. Matar vampiros dá mais ibope que proteger vampiros.

Wednesday, February 20, 2008

Vampiros (4): Van Helsing strikes again

É preciso reconhecer: o padre Seán Manchester está fazendo escola. Depois do Guia Conciso de Vampirologia, você pode adquirir também o "Guia de Sobrevivência aos Zumbis: Proteção Completa contra os Mortos-Vivos", de um tal Max Brooks, pela bagatela de 7 dólares, se for usado. Se não for, e tiver uma encadernação bem acabadinha, por sair por até 55 doláres.

Pague. Sua vida vale muito mais.

Outras maravilhas das editoras, imagino que classificadas no gênero "humor":

- "Enciclopédia dos Mortos-Vivos: um guia para compreender as criaturas que não descansam em paz", de Bob Curran. Sai por até 49,55 dólares.
- "Manual de exorcismo", de H. A. Maxwell Whyte. Compre por até 44.99 dólares.
- "Como ver fantasmas", de Peter Underwood. O preço varia entre 5.75 e 50.63 dólares. Ow, esse eu quero! Sempre desejei ver fantasmas. A vida fica mais emocionante com eles.

Outra de Manchester:
- "Manual de Caça ao Vampiro" (com a recomendação expressa de esquecer tudo sobre Buffy, a caça-vampiros). Pode sair por até 72,52 dólares. Caro, né? Mas sua vida vale ou não vale o esforço? Hein?

Dê uma espiada na página da editora Abe Books que linkei no título. Há outras pérolas para quem não tem nada mais a fazer na vida a não ser proteger sua vida daqueles que já perderam a vida.

Não sei quanto aos outros autores, mas posso garantir que os livros do padre Manchester são sérios, ao menos para ele. O homem já tem uns trinta anos de estrada caçando e matando vampiros. Como é que ele consegue passar a vida perseguindo o imaginário é um mistério até para Allan Poe.

Verdade seja dita: ele bem que merece ganhar uma graninha depois de tanto esforço.

Thursday, February 14, 2008

Bife com batatas fritas

Como o problema com o Blogspot parece resolvido, sigo em frente.

Folheando "Mitologias", de Roland Barthes, encontrei esta pérola:

Associado geralmente às batatas fritas, o bife transmite-lhes o seu renome: a batata frita é nostálgica e patriótica como o bife (DIFEL, p. 55).

O que ele terá querido dizer?

Friday, February 08, 2008

Blog fora do ar

Lamentavelmente, este blog terá de ser desativado. Não é mais seguro nem para mim, nem para qualquer pessoa que o visite. De algum modo, e não sei explicar como, um código malicioso foi associado a ele. Se não puder resolver o problema, ele será fechado definitivamente. Abrirei outro, em outro espaço. Espero rever em um novo blog todos os que escreveram comentários.