Monday, April 30, 2007

Tentativa e erro

Ouço com frequência dois argumentos em defesa de crenças:

1. Minha crença é verdadeira porque é milenar.
2. Minha crença é verdadeira porque todos os povos antigos, sem exceção, têm registros de crenças semelhantes.

Os dois argumentos se utilizam de recursos quantitativos, o que por si só já os desqualifica. Qualquer crença só poderia ser validada, se isso fosse possível, por recursos qualitativos, ou seja, dizendo-se porque ela é verdadeira, e não dizendo que é verdadeira porque muitos acreditaram em sua verdade.

Ainda assim, há diferenças entre os dois argumentos. O primeiro defende que a verdade de uma crença se assenta sobre a sua antiguidade. Ora, a humanidade não poderia, por quaisquer razões, fazer perdurar um erro? Não foi assim com a crença da ciência na idéia de geração espontânea, que perdurou até o século XVII? Não se teve como certo, até a modernidade, que o sexo feminino é uma inversão anatômica do sexo masculino, porque seus corpos não se desenvolveram como os dos homens? Não há um sem-número de "verdades científicas" que sobreviveram a séculos de engano? Sendo assim, o argumento da antiguidade não procede.

O segundo argumento apela para a sincronia entre crenças antigas, mas é igualmente improcedente. Diz-se que a prova da existência de um outro plano, espiritual, está na recorrência desta crença entre os povos antigos. Mas isto não poderia ser apenas a expressão de inquietações semelhantes, que são parte da natureza humana, de sua capacidade de compreender a finitude? É claro que poderia. Portanto, este argumento também não procede.

No fim das contas, não há argumento consistente em defesa de necessidades pessoais, ainda que elas se expressem universalmente ou historicamente.

Sunday, April 29, 2007

Déjà vu (1): Danae

Lendo sobre o povo anasazi, grupo indígena americano já desaparecido, em muitos aspectos parecido com os maias, encontrei em seus mitos uma semelhança relevante com os mitos gregos.

"Anasazi" é uma palavra de origem navaja, que significa "povos antigos". Os anasazi desapareceram como os maias e, como eles, talvez tenham sido dizimados por uma grande seca, ou talvez uma catástrofe natural os tenha expulsado de seu lugar de origem, o que resultou em miscigenação e perda da identidade. De qualquer forma, o que me interessa são os mitos deste povo.

Há uma primeira divindade, a Mãe-Terra, semelhante a Gaia, da mitologia grega, e a Deusa-Mãe dos mînóicos. Até aí nada de mais. É natural que todas as culturas antigas, inteiramente dependentes da agricultura e sujeitas às intempéries, tivessem deuses ligados à fertilidade do solo e à fúria da natureza.

Há também a crença em espíritos que habitam o corpo e animais sagrados, com poderes especiais. Tudo bem, todos os povos antigos acreditavam nisso. A angústia da finitude e o medo dos animais explicam bem esse ponto.

Há igualmente mitos em torno do sol e das constelações. Certo, isso era importante para a agricultura e para a crença numa certa estabilidade: minha cabana continuará de pé amanhã se os deuses assim o quiserem, e o desejarão se os agradarmos.

Os anasazi eram observadores do sol, que acreditavam ser uma divindidade masculina. Os egípcios também. A lua, por sua vez, é feminina, porque seu brilho é menor. Coisa de sociedade patriarcal. Nada de novo.

O impressionante, para não citar todos os casos, é a história de uma jovem virgem, trancafiada em uma espécie de torre. A única visita que recebia era dos raios de sol, que passavam pela abertura no teto, inalcançável para a jovem. O sol, então, a engravidou e ela gerou um filho do deus.

Este mito é muito semelhante ao de Danae, da mitologia grega: a jovem Danae, virgem, é trancafiada em um torre por seu pai, porque uma profecia dizia que o filho que ela gerasse mataria o avô e tomaria seu lugar. Zeus, do céu, avista Danae, lamenta seu sofrimento e se encanta com sua beleza. Então a visita, em forma de chuva de ouro, e a engravida. O filho gerado é Perseus.

Tenho uma explicação para isso também: não há quem possa segurar a juventude. Mas que a semelhança é espantosa, é.

Saturday, April 28, 2007

Inversão de perspectiva

Para negar o que foi dito no post anterior, vamos falar sério.

Assistindo ao Fantástico no último domingo, vi uma reportagem sobre o analfabetismo digital. Para saber o que um adulto deva fazer, caso queira aprender a usar o computador, o repórter entrevistou uma criança. A resposta diz tudo: "Ele deve pedir a uma criança que o ensine".

Não posso deixar passar algo assim sem fazer uma observação: há, na escolha do entrevistado e na resposta, a expressão mais clara da inversão de perspectiva em curso: se nas gerações anteriores o adulto (pai ou professor) era detentor do saber e a criança ou o jovem deveria ir buscar nele a informação que deseja, agora os mais velhos é que devem pedir aos mais jovens que os auxiliem na aquisição de um saber técnico, instrumental.

É evidente que o advento do computador fez aparecer uma nova lógica. Não se trata de um julgamento de valor, mas de reconhecer um fato bastante simples: se um jovem quer aprender algo relacionado ao uso do computador, na maior parte das vezes não é ao pai ou à escola que ele pedirá ajuda. Recorrerá a um colega ou a um tutorial. E, se precisar de uma informação específica, o próprio computador lhe dará a resposta.

O saber que o pai ou professor detém tornou-se, de algum modo, o não-saber: é exatamente o que não tem importância. O que importa, eles é que ensinam aos outros e a si mesmos.

Friday, April 27, 2007

O peri e o patético

Ocorreu-me, após dois aninhos de brogue, que ainda não expliquei o que quero dizer com o nome "peri-patético" (com hífen).

A escola peripatética, bem se sabe, ganhou este nome porque Aristóteles costumava caminhar com seus discípulos sob um passeio coberto, o perípatos, em volta do Liceu. Portanto, "peripatético" significa, originalmente, um modo de filosofar que se faz caminhando, enquanto se dá o debate de idéias.

Peri-patético (com hífen) é uma coisa completamente diferente.

Peri significa, em grego, em volta de (lugar) ou a respeito de (daí peri physeos - sobre a natureza, título dado a boa parte das obras escritas pelos primeiros filósofos).

Patético vem de pathos, que quer dizer emoção, excesso, apelo emocional, o que comove etc. Originalmente, patético refere-se ao que tem forte carga emocional ou que pretende comover, mas fracasssa pelo excesso.

Portanto, peri-patético, com hífen, significa Sobre o que é patético, Em torno do que é patético.

Esta é a proposta inicial, nem sempre seguida à risca.

Thursday, April 26, 2007

Aula de filosofia

Para bem compreender a falsa analogia, é importante ter-se em mente que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Confundir uma coisa com outra coisa é tratar uma coisa como sendo a mesma coisa que outra coisa. Por exemplo: tomar a coisa A pela coisa B ou a coisa B pela coisa A é o mesmo que indiferenciar A e B e tratá-los como sendo A ou B. Isto implica na negação da identidade identitária da coisa que não é, ela própria, uma identidade, mas sim uma coisa qualquer com identidade A ou B.

Wednesday, April 25, 2007

A importância da memória

"Jamais admitiremos uma alma sem memória entre as que são suficientemente filosóficas, mas antes procuraremos que ela seja necessariamente dotada de memória"
(Platão, República, 486d).

Faz sentido, se considerarmos que são vinte e cinco séculos de filosofia, inúmeros filósofos e um número maior ainda de teorias, sistemas e pontos de vista. É preciso ter uma memória realmente muito boa para bem filosofar. Afinal, já dizia um sábio estudante de filosofia, de memória fraca: "é muito difícil filosofar porque há coisa demais para decorar". Esta deve ser a melhor tradução para a expressão latina "pluribus unum" (de muitos, um): das muitas filosofias decoradas, uma é preferida.

Mas, para que ninguém acuse o autor de um blog peri-patético (com hífen) de não ter compreendido Platão, vá lá: não se trata de decorar; trata-se de ser capaz de lembrar o que se sabe mas não se sabe que sabe. Ficou mais claro?

Tuesday, April 24, 2007

Aula de catequese

Aula de catequese ministrada por Sócrates, o cristão avant la lettre, segundo Justino de Roma:

"É preciso ainda examinar o seguinte, se se quiser distinguir uma natureza filosófica da que não o é. (...) Que não tenha qualquer baixeza, porquanto a mesquinhez é o que há de mais contrário a uma alma que pretende alcançar sempre a totalidade e a universalidade do divino e do humano. (...) Mas aquele que possuir um espírito superior e contemplar a totalidade do tempo e a totalidade do ser, supões que é capaz de julgar que a vida humana tem grande importância? (...) Por conseguinte, uma natureza covarde e grosseira não poderia ter parte na verdadeira filosofia, segundo parece. (...) Quem for ordenado, e não for ambicioso, nem grosseiro, nem vaidoso, nem covarde, será possível que seja de trato desagradável ou injusto? (...) Logo, se quiseres distinguir a alma filosófica da que o não é, observarás se, desde nova, é justa e cordata ou insociável e selvagem." (Platão, República, 486 a)

Monday, April 23, 2007

Desaparecidos

Ouvi por aí:

Onde está a sabedoria que perdemos com o conhecimento, onde está o conhecimento que perdemos com a informação, onde está a informação que perdemos com a notícia?

Ignoro a autoria.

Sunday, April 22, 2007

Não era para mim

Dos trabalhos que tive ou funções que exerci, há um de que me lembro particularmente porque nele cometi a maior das gafes que alguém pode cometer em um ambiente de trabalho: confundir o nome da empresa.

Trabalhei durante um certo tempo como gerente de um buffet que tinha como principal atrativo o local onde funcionava: uma mansão realmente extraordinária, que ocupava quase um quarteirão, com amplos espaços e salão de festas conectado com a piscina. Na entrada principal da casa, duas palmeiras simetricamente dispostas. Por esta razão, o buffet chamava-se Solar das Palmeiras. Minhas atribuições principais eram o atendimento aos clientes, a organização dos eventos, a recepção aos convidados e a manutenção da casa.

Mas e minha gafe? Uma coisinha à toa, uma confusão bem pequena, sem importância alguma: em minha cidade há um cemitério bastante conhecido, o Jardim das Palmeiras. Eu apenas atendia aos telefonemas dizendo "Jardim das Palmeiras", ao invés de "Solar das Palmeiras". Só isso. Uma coisinha de nada, como disse.

Só troquei uma palavrinha, mas afastei clientes potenciais, até me dar conta da confusão. Ninguém estava interessado no cemitério.

Thursday, April 19, 2007

Mitologias (9): Palamedes

Palamedes é, na mitologia grega, um homem sem sorte, para dizer o mínimo. Ele teria inventado o número, a moeda, os pesos e as medidas, o dado, o jogo de xadrez e a piada. É óbvio que nada disso é verdade.

De todo modo, Palamedes foi um dos grandes generais da guerra de Tróia. Seu azar foi ter encontrado pelo caminho Ulisses (ou Odisseus). Após o rapto de Helena por Páris, Agamemnon enviou Palamedes a Ítaca para convencer Ulisses a honrar seu juramento de defender o casamento de Helena e Menelau participando da guerra.

Ulisses primeiro fingiu-se de louco, mas Palamedes era esperto e descobriu a artimanha, o que provocou o ódio de Ulisses. Na primeira oportunidade, quando Palamedes aconselhou os gregos a voltar para casa e desistir da guerra, Ulisses o acusou de traição, forjou uma prova e comprou uma falsa testemunha para depor contra ele. Sem defesa, Palamedes foi desclarado traidor e apedrejado até a morte.

Mais tarde a artimanha de Ulisses foi descoberta, mas Palamedes já estava morto. O sofista Górgias de Leontini aproveitou a história para escrever a sua "Defesa de Palamedes" em que se coloca como o próprio herói morto e tenta provar, com argumentos, que não poderia jamais ter sido traidor.

Sunday, April 15, 2007

Animal humano

O homem é um animal racional - Aristóteles
O homem é um bípede sem penas - Platão
O homem é um animal político - Aristóteles
O homem é um animal simbólico - Cassirer

De qualquer forma, eles concordam em um ponto: o homem é um animal.

Saturday, April 14, 2007

Infalibilidade das religiões

As religiões orientais, até onde posso dizer, pregam a busca da verdade interior, o desapego das coisas materiais, o respeito ao próximo e aos animais e o compromisso com a verdade, a bondade, a compreensão, a resignação, a paz e a paciência.

Muito bem. Ninguém pode negar que os orientais são profundamente religiosos. Mas, se é assim, por que o oriente não é o paraíso na terra? E por que, sabendo que o oriente não é o paraíso na terra, nós, ocidentais, queremos tanto conhecer melhor esta - digamos - espiritualidade, para sermos melhores como indivíduos e/ou vivermos melhor?

Qual é a lógica disso?

Thursday, April 12, 2007

Contra o zero (6)

Argumento definitivo contra o Zero:

Não ignoramos que o estudante sabe alguma coisa, qualquer que seja. É impossível que não saiba nada. Mas, se sabe alguma coisa, obviamente ignora aquilo que não sabe, e o que não sabe não existe para ele. Se existisse, ele saberia.

Assim, torna-se evidente que sabe não apenas alguma coisa mas tudo, porque não pode saber o que não existe, se o que não existe é nada. Se ele sabe tudo, não é merecedor do zero.

Wednesday, April 11, 2007

Contra o Zero (5)

Fragmentos de Heráclito contra o Zero:

84c: ....e é o zero...
126b: .... de tudo... é nada.
139a: Aproximação.
1024d: Comum é a todos o zero.
1098c: Zero ama esconder-se.
2965a: Um zero para mil vale mil, se for o melhor.
3425a: zero... nada... zero...
4567b: De todas (as coisas) o zero fulgurante dirige o curso.
5467a: Mais vale um zero na mão que dois 10 voando.
8756c: E é o zero fim em periferia de círculo.

Tuesday, April 10, 2007

Contra o Zero (4)

Argumentos de Zenão contra a multiplicidade do Zero:

I
Se o zero é múltiplo, terá de ser ao mesmo tempo grande o bastante para que possa ser dividido em outros zeros até o infinito, ou pequeno o bastante para que seja indivisível. Ora, sabemos que nada é pequeno e grande ao mesmo tempo. Assim, a multiplicidade do zero não existe e, não existindo, é não-ser e o não-ser é impensável, não dizível e principalmente impraticável pelos docentes. Logo, não pode haver mais zeros.

II
Se múltiplo é o zero, ele é zero, nem mais nem menos que zero. Se é zero, é limitado e finito. Mas, se é múltiplo, deve poder se subdividir em outros zeros até o infinito. Teríamos, então, que o zero é finito e infinito ao mesmo tempo. Ora, isto não pode ser. Assim, a multiplicidade do zero não existe. Logo, não pode haver mais zeros.

Sunday, April 08, 2007

Contra o Zero (3)

Aporias de Zenão contra o Zero (3):

Temos o segmento AA, imóvel, das idéias inatas; o seguimento BB, das idéias erradas, em movimento retilíneo uniforme da direita para a esquerda e o segmento CC, das idéias pré-concebidas, em movimento contrário a BB, ou seja, da esquerda para a direita.

Quando a segunda idéia errada tiver passado a primeira idéia inata, terá passado ao mesmo tempo quatro idéias pré-concebidas, o que resultaria numa grande confusão mental e, claro, na sentença 2=4. Como dois nunca pode ser igual a quatro exceto no zero, concluímos que as idéias erradas não existem. Logo, o zero não existe.

Saturday, April 07, 2007

Contra o Zero (2)

Aporias de Zenão contra o Zero (2):

Este argumento consiste na afirmação de que o mais rápido na corrida jamais poderá alcançar o mais lento. Ora, sabemos que o mais lento é 10, que tem uma boa vantagem sobre o mais rápido, que é zero. Quando o zero se deslocar para 2, o mais lento já terá saltado para 20, sem sair de 10. Quando o zero se deslocar mais um pouco e alcançar, com grande esforço, 4, o mais lento já terá 30, e o zero precisará recomeçar de 4. Assim, o mais rápido (que é zero, por percorrer distâncias) jamais poderá alcançar o mais lento (que é 10, por não sair do lugar).

Isto é um absurdo, porque o zero é um absurdo. Logo, não pode haver zeros.

Friday, April 06, 2007

Contra o Zero (1)

Aporias de Zenão contra o Zero (1):

Para se chegar a zero, é preciso antes chegar à metade de zero, que é -0,5 e, para chegar a -0,5, precisamos antes chegar à metade de -0,5, e isto infinitamente. Teremos a eternidade a percorrer para chegar a zero e, não sendo eternos, não podemos percorrer a eternidade.

Teríamos então que concluir que somos eternos, o que é um absurdo, porque o zero é um absurdo. Logo, o zero não existe.

Thursday, April 05, 2007

Filosofia do zero (3)

PROPOSIÇÃO III: de como o Logos, enquanto logos, compreende em si o Logos e, sendo Logos, nos prova que o eterno é o eterno e os sentidos são os sentidos, de onde se depreende que as idéias inatas recordadas pela razão são mesmo idéias inatas e resultado de um mundo das idéias em que a idéia principal é que a idéia inata é inata nos sentidos

A óbvia complexidade da questão reside no fato de que, se as idéias inatas o são em essência, o zero (que sabemos ser uma idéia inata) pode perfeitamente ser assimilado e digerido pelos discentes, sem a presença incômoda da dor pois, se há dor, o zero é o não-ser e o não-ser é impensável e não dizível. Se o zero nada fosse, não seria zero, mas seria algo e não se pode diminuir nada ao que é nada, nem acrescentar nada ao que nada é. Assim, nada se acrescenta e nada se pode extrair da nota zero.

Da mesma forma, o zero é um pois, se não fosse um, seria dois, ou ainda limitado por outro. Assim, não seria zero. Sendo um, torna-se impossível que seja dois. Portanto, o discente jamais poderá, sob qualquer hipótese, alcançar outro zero, já que provamos que o zero é um só. Se a estatística prova o contrário, a estatística não existe.

Mas, sendo um, só pode ser tudo, pois o que é um é único e engloba todas as coisas. Sendo tudo, deve conter em si a totalidade das idéias inatas, ou não seria tudo. Logo, somente o zero nos permite recordar idéias inatas de inumeráveis zeros pré-existenciais, anteriores ao ingresso no curso de Filosofia.

Assim, o zero tudo é e aquele que é capaz de alcançá-lo, alcança o tudo e o nada concomitantemente, pois no tudo também está o nada. Desta forma, Sendo capaz de alcançar o zero, será capaz também de alcançar o tudo, que é 10.

Pode-se inferir daí, facilmente, que o tudo é o conhecimento absoluto do nada e que o zero não passa de uma inexatidão terminológica.

Wednesday, April 04, 2007

Filosofia do zero (2)

PROPOSIÇÃO II: de como o ente corpóreo compreende que o zero em potência também o é em ato e que, sendo assim, é de fato zero.

Se o zero é inteiro, também é negativo, pois no conjunto N (o das notas) estão contidos os números negativos, ou seja, números precedidos do sinal (-) e anteriores a zero.

Esta afirmação reside no fato de que, sendo o aluno capaz de alcançar o zero, também o é de alcançar nota inferior a esta e, se o é em potência, também o é em ato. Assim, podemos dizer que NCZ (ou seja, NADA está contido no ZERO), sendo Z=(0, -1, -2, -3...) e isto ao infinito. Assim poderíamos alcançar o infinito e seríamos então infinitos e não finitos.

Ora, sabemos que não somos infinitos. Conseqüentemente, não podemos alcançar o infinito, que é zero. Portanto, o zero nada mais é que aparência de zero. Assim, o zero não existe.

Tuesday, April 03, 2007

Filosofia do zero (1)

PROPOSIÇÃO I: de como as idéias erradas se sucedem umas às outras em fila indiana, obedecendo à ordem alfabética rigorosa e à afirmação de que se a=b e b=c, x=y

Todo estudante de filosofia que já seja versado na Imediateidade do Ser (e Ter) Nota Zero, compreende o Zero como sendo uma esfera, ou seja, como não tendo começo nem fim, sendo portanto homogêneo, eterno e imutável.

Ora, sabemos que o zero é homogêneo, pois todo o primeiro ano compartilha dele. Da mesma forma, dados estatísticos nos provam que também é eterno e imutável, pois a probabilidade de que os alunos com nota zero na primeira avaliação a alcancem também nas avaliações posteriores é de 100/100 (Isto se explica facilmente pelo fato de que, tendo alcançado o zero logo de seu ingresso à universidade, não terão dificuldade alguma em consegui-lo repetidas vezes).

Mas caminhemos mais um pouco. Se o zero é o Ser, ele é. Se é, não foi engendrado, pois o engendrado tem começo e fim e sabemos que o zero nada gera e de nada é gerado. Igualmente, se for mutável, já não é mais o mesmo, mas se modifica. Se ele se modifica, não é. Também não pode ser vazio, porque o vazio é o incorpóreo e o incorpóreo é o vazio.

Portanto, não existe a nota zero senão enquanto zero e, se de nada vem a ser e nada virá a ser, a nota zero (que obviamente vem de nada), é o ser. Ou seja, é homogênea, eterna e imutável. Logo, a nota zero é uma verdade bem redonda.

Monday, April 02, 2007

Quem se importa?

Ora, ora. Jim Morrison, o líder dos The Doors, quem diria, será perdoado. O crime? "Conduta imprópria" no palco.

Considerando que

1. Ele morreu em 1971. Portanto, está pouco se lixando para nosso perdão
2. Quando vivo estava pouco se lixando para nosso perdão
3. Se estivesse vivo estaria pouco se lixando para nosso perdão

Pergunto: de onde vem essa bobagem?

Ah, sim, de alguém querendo ganhar fama sem fazer esforço.

O autor da idéia é um tal Dave Diamond, produtor de TV, que afirma desejar que "Morrison seja lembrado como um artista e não como um criminoso".

Ué, Jim Morrison não é o vocalista do The Doors? Há um criminoso com o mesmo nome?

O pior é que o governador da Flórida está "examinando o caso". A Flórida deve ser um paraíso para qualquer político: trabalha-se tão pouco que tem-se tempo até para examinar casos que não existem.