Wednesday, January 24, 2007

Século misógino

Nós sabemos bem que a misoginia sempre esteve presente em todas as épocas, mas é particularmente presente no século XIX. Grandes pensadores do período, como Nietzsche, Freud, Schopenhauer, Kierkegaard, só para citar alguns, fizeram comentarios depreciativos sobre as mulheres em seus escritos. George Sand vestia-se como homem. As heroínas da literatura, via de regra, eram mulheres que traíam os maridos (Madame Bovary, Ana Karenina), prostitutas (Moll Flanders, a Sonja de Crime e Castigo, Bola de Sebo, A Dama das Camélias), bibelôs (a primeira mulher de David Copperfield, por exemplo), más (como a Marquesa de Os Três Mosqueteiros ou a amada de O Idiota, de Doistoievski), fálicas e ressentidas (como a heroína de A Herdeira, de Henry James), interesseiras (como a amada de Pip), reprimidas sexualmente (como a babá de A Volta do Parafuso), ingênuas (como a heroína de Guerra e Paz) ou servis (como a florista de Pigmaleão).

Eis alguns comentários de filósofos da época sobre as mulheres:

De Nietzsche:

"Quando as mulheres lutam por conquistar direitos iguais aos do homem, isso é um sinal de doença; qualquer médico o sabe"
"A mulher é uma superfície que tenta imitar a profundidade".


De Kierkegaard:

"Quando a mulher comete um grande feito, admiramo-la mais do que a um homem, por não ser de modo algum isso que dela seria de esperar".
"Quando Sócrates agradece aos deuses por ser grego e não bárbaro, tenho de concordar com ele. Quando agradece aos deuses por ser livre e não escravo, novamente estou de acordo. Mas quando agradece por ser homem e não mulher, aí sim estou inteiramente com ele".


De Schopenhauer:

"Pueris, fúteis e limtadas; permanecem a vida inteira crianças crescidas, uma espécie intermediária entre a criança e o homem".
"As mulheres são seres de cabelos longos e idéias curtas".


Li em algum lugar que um grande filósofo é póstumo. Bem, não tanto assim. Lá estão os valores da época puxando-os de novo para o mundo dos mortais.

2 comments:

Anonymous said...

Mas no caso Nietzsche e o Schopenhauer eles tinham claros problemas em se relacionar com mulheres.
Não sabia que Freud também tinha disso. É aquela história de inveja do pênis?

E ainda hj, de quando em quando, aparece alguma idéia com ares científicos que pretende provar a superioridade do homem. Lembra daquele 'estudo' que afirmava que as mulheres tinham dois bilhões de neurônios a menos que os homens e que na media elas ficavam cinco pontos abaixo deles no teste do QI? Me fez lembrar um post teu sobre os feijões no crânio para provar a superioridade dos brancos :)))

BJS

sofista said...

Oi Anônimo!

Sim, Schopenhauer e Nietzsche tinham problemas. Kierkegaard não conta, porque na verdade os comentários sobre as mulheres pertencem a um ponto de vista, são situados, digamos assim, e não podem ser absolutizados. Mesmo assim, acho engraçado o que ele diz. :-))

Sobre Freud, há sim alguma coisa, mas vai difícil dizer onde está. É sobre a histeria, sobre a inferioridade das mulheres (o que a inveja do pênis já deixa implícito), e a incapacidade da mulher de sublimar, o que lhe confere uma espécie de "sobrecarga da libido". Mas os livros que tinha de Freud, apenas dois, eu troquei em um sebo por livros de filosofia. :-))))) Mesmo assim, tenho certeza de já ter lido algo nesse sentido. Vou pesquisar e, quando encontrar alguma coisa, volto ao assunto.

Sim, eu me lembro desse estudo. :-)) Não é estranho que valores medievais nunca morram?

Aquela história do feijão deve ser a maior cascata que a ciência já produziu, e acredito que tenha tido somente razões econômicas. Fazer o quê!

Obrigada por escrever.

Bjs.