Tuesday, April 26, 2005

Não compre salmão, compre saúde

E por falar em problema, lembrei da barraquinha de Antífon.

Antífon era um sofista grego, que viveu entre os séculos V e IV a.C. Não sabemos quase nada sobre ele e pouca coisa restou do que escreveu (alguns fragmentos reunidos sob o título Alétheia). É possivel que ele e Antífon de Ramno, orador e político ateniense de grande expressão, executado em 411 a.C., tenham sido a mesma pessoa, mas não se sabe com certeza.

O que sabemos é que ele abriu uma barraquinha na cidade de Corinto, anunciando que podia curar todas as doenças. A idéia era a seguinte: todos os males, sejam do corpo ou da alma, podem ser tratados por intermédio da palavra.

Esta era uma idéia recorrente na sofística, e um registro mais preciso disso está no Górgias de Platão e no Elogio de Helena do próprio Górgias, mas o curioso a respeito de Antífon é que ele chegou a transformá-la em um pequeno negócio. Certamente não oferecia saúde de graça, e muito menos vendia a preço de banana. Considerando o perfil dos sofistas, dificilmente. Devia ser negócio mesmo. O fato é que ele oferecia seus serviços em uma espécie de sala, ou barraca, perto da praça do mercado, no centro de Corinto.

Fico imaginando a barraquinha de Antífon, com um anúncio do tipo “Curo todos os males sem dor ou anestesia geral”, ao lado de barraquinhas de peixe, hortaliças, adereços, sandálias, mantas, incenso etc. Só pode ter sido bem sucedido.

2 comments:

Anonymous said...

com certeza!!! :p :))

sofista said...

:0)) Reparou que a psicologia, a psicanálise e as religiões usam a mesma premissa básica: é possível curar pela palavra? Penso que isso não é de todo ilusório. Em gibis a palavra mágica não é usada para domar o corpo, e sim a física: abracadabra, shazam, os mantras das feiticeiras... Coisa de adulto, coisa de criança, mas a premissa é a mesma.