Sunday, April 10, 2005

Estudo não é diversão

Há uma idéia generalizada de que o ensino, para ser eficiente, deve ser lúdico. Os alunos vão para a sala de aula esperando que o professor faça piadas, dê piruetas e seja engraçado. Quando isto não acontece, a aula é chata.

Essa mentalidade revela o desejo do aluno de ser “distraído” do conteúdo, como se estudo não fosse uma atividade séria, que exige muito esforço e dedicação.

Não tenho nada contra aulas divertidas. Tanto melhor que seja assim. O que não posso aceitar é que o professor tenha a obrigação de fazer rir, o que significa dizer que a responsabilidade pelo aprendizado é inteiramente de quem ensina. Dizer que o professor tem de ser engraçado é o mesmo que eximir o aluno de responsabilidade por seu próprio aprendizado, torná-lo passivo e pouco crítico.

Competência para divertir e distrair a audiência a gente exige de palhaços e apresentadores de programas de auditório, não de mestres. Essa inversão de papéis é nociva porque estudo não é entretenimento, e nem deve ser.

É claro, não estou afirmando que o estudo deva ser uma coisa chata, cansativa e monótona. Estou apenas chamando a atenção para o extremo oposto, quando a competência de quem ensina é medida por sua capacidade de agradar, divertir e entreter.

No comments: