Saturday, June 05, 2010

Paixão francesa

Assisti a tantos filmes de Godard recentemente, que não tenho paciência para ver mais nada. Rigorosamente nada. Não que os filmes sejam ruins. Muito pelo contrário, são bastante bons. Exigentes, caprichosos, mas de qualquer forma bastante bons.

Ao mesmo tempo, li Deleuze como uma condenada. Agora que me libertei dele, não tenho a menor intenção de retomá-lo. Não é que seja ruim. De modo algum. Apenas é tão exigente, caprichoso e cansativo quanto Godard.

Também tive de retomar Bachelard no que considero o seu pior, o noturno, mistureba de poesia, filosofia e psicanálise.

Vi também algo de Robert Bresson e Resnais.

Overdose de cultura francesa.

Apesar da jornada árida, o esforço valeu a pena. Aprendi um pouco mais, e tenho esperança de que o aprendizado me seja útil algum dia. Pelo menos vou poder sustentar uma conversa de alguns minutos sobre o cinema francês.

A verdade que extraí de toda essa "experiência francesa", com a clareza de um sótão e a obscuridade de um porão bachelardianos, dialeticamente falando e pensando, é que o francês é, definitivamente, um apaixonado. Devoção religiosa, é a palavra. Basta assistir a um video no youtube de Deleuze, Godard ou Lacan, para vermos um padre ou pastor falando. Paixão ensandecida pela palavra, pelos signos, pela imagem, pela dialética, pela sedução, pelo desejo, pela retórica, pela beleza, pela própria paixão e por si mesmos.

E nenhum, absolutamente nenhum interesse pela lógica.

Boa literatura, talvez, mas onde está a filosofia?

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