Monday, June 14, 2010

Mutatis mutandis

Passei por uma experiência libertadora hoje.

Trabalhei, há vários anos atrás, no serviço público federal. Saí porque tinha ambições intelectuais que o trabalho não poderia satisfazer, e que não poderia realizar plenamente se continuasse ligada a uma atividade de oito horas diárias e que me oferecia apenas tarefas burocráticas. Apesar disso, eu gostava muito do que fazia, assim como dos colegas e do local de trabalho.

Até hoje, sempre considerei esta decisão um grande erro. Por melhor que seja minha atividade atual, não me garante estabilidade. Passaram-se quase duas décadas em que lamentei a decisão, e há pouco havia decidido fazer o caminho de volta e me preparar novamente para concursos. Talvez a inconstância seja parte de minha natureza.

Bem, hoje fiz uma espécie de passeio pelo antigo local de trabalho. A primeira impressão forte que tive é que o espaço físico era menor do que me lembrava. Encontrei algumas pessoas com quem trabalhei, observei a rotina do trabalho e percebi que morreria de tristeza se ainda estivesse lá.

Tudo continua como dantes no país de abrantes. Mesmas pessoas, mesmas funções. Até os elevadores são os mesmos do tempo em que trabalhei ali. Mesma reivindicação da associação dos trabalhadores. Mesma motivação marxista-leninista de quase vinte anos atrás.

Não acho que algo deveria ter mudado. O problema é que eu mudei.

Somente hoje, depois de tanto tempo, entendi que a minha decisão foi acertada, apesar das insatisfações que possa ter com meu trabalho atual.

Felizmente abandonei um trabalho imutável, em todos os sentidos.

Por mais que a mudança seja desestabilizadora, atrever-me a me mover foi a melhor coisa que fiz na vida.

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