Sunday, June 06, 2010

A lógica da lógica

Entendo que a filosofia se define por um método, a dedução, e por um objeto, a verdade lógica (em oposição à verdade "empírica" ou "psicológica" ou "religiosa" etc). Isto significa que qualquer conteúdo pode ser do interesse da filosofia, ou tratado filosoficamente. Significa também que não há filosofia, em meu entendimento, onde não há o interesse pela verdade lógica. Por verdade lógica eu me refiro à que é derivada unicamente da coerência argumentativa, isto é, a verdade que é resultado da validade do argumento. Portanto, demonstrável, por um lado, e passível de crítica, por outro.

Também não me refiro, claro, à verdade em sentido absoluto, mas apenas àquilo que se toma como verdadeiro a partir das condições apresentadas acima.

O máximo de concessão que se pode fazer é admitir que uma doutrina baseada em pressupostos indemonstráveis pode ser filosofia em sentido lato, como "filosofia de vida" ou qualquer coisa assim. Não vejo diferença estrutural entre a filosofia francesa, de um modo geral, e o budismo, por exemplo.

Não percebo uma filosofia como a que descrevi como dogmática. Ao contrário, dogmática, penso, é a filosofia que se apóia em afirmações soltas, em visões de mundo, em subjetividades e constrói sistemas genéricos que a tudo explicam. P.ex.: qualquer filosofia que parta de afirmações como "tudo é imagem".

A definição que apresentei exclui também qualquer tentativa de tornar a filosofia empírica ou indutiva.

Ainda: filosofar não é criar conceitos (entendidos como aparatos metafísicos). A criatividade pode ser parte do processo, mas nunca o seu ponto de partida.

A metáfora pode ser bela, mas não pode ser falsificada, ou seja, não é passível de crítica. Não garante a "verdade lógica" de que falei acima, porque não é nem verdadeira, nem falsa. Logo, não deve ser parte de uma abordagem do mundo que pretenda realmente entendê-lo.

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