Tuesday, June 08, 2010

Filosofia do canto

Como escrevi, ando inspirada pela filosofia francesa. Por dever de ofício.

Bem. Não foi isso exatamente que eu escrevi, mas vá lá. Sinto-me inspirada agora e não posso deixar passar a oportunidade. Afinal, inspiração é tudo.

Hoje encanta-me o canto. O canto quina, o canto esquina, o canto das cantoneiras e das vassouras.

O canto é escuro, mal iluminado. Portanto, recanto do ser e, no ser, daquele lugarzinho obscuro onde se abriga o id, o não-ser do ser. Lugar da intimidade e do recolhimento. Sobretudo, do recolhimento de quem se intimida. Logo, lugar do não-lugar, do não-ser, do oculto, do não-revelado, do não-dito, do não, da nadidade do ser, vazio de ornamentos e destituído de relevância. Espaço da interioridade mais recôndita da casa, esquecido pela decoração, mas fundamental na constituição do eu-casa, um eu-casa que se faz no não-eu, o eu-outro que é um eu-canto.

Há que se falar também da miniatura, canto-casa-miniatura do eu-casa. A miniatura-canto é para a casa o que a casa é para o eu: a subjetividade recolhida no espaço-miniatura. Espaço geométrico, cônico, de tangentes e diagonais convergentes para o centro mas, ao mesmo tempo, divergentes em relação ao cone. Um pseudo-lugar de uma pseudo-subjetividade que se reencontra e se redescobre como sujeito do canto.

Ixi. E não é que tenho talento para a filosofia?

Mostrei também que conheço geometria.

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