Sunday, July 12, 2009

Jackson e a posteridade

Que me perdoem os fãs, mas não acho que Michael Jackson tenha sido um grande artista. Cantava no tom, mas não tinha boa voz. Prince, Smokey Robinson, George Benson e Terence Trent D'Arby têm vozes bem mais bonitas e eficazes. De um modo geral, são mais talentosos.

As músicas de Jackson são banais, feitas para vender, e o pior de sua carreira é o começo no Jackson Five, com canções que poderiam perfeitamente ter sido gravadas por Christian, sem o Ralph. A qualidade é a mesma. Claro, era uma criança, e gostamos de crianças, especialmente as que julgamos mais capazes que muitos adultos.

A dança é em grande parte copiada de James Brown e do break. O gritinho famoso é de James Brown.

Com exceção de Thriller, não há nada de novo no repertório de MJ.

Nem mesmo a capacidade de transformar a si mesmo em mercadoria rentável é mérito só dele, embora tenha dado sua parcela de contribuição. Mas, ainda que esta capacidade possa ser considerada um mérito, certamente não é mérito artístico.

Ninguém vendeu tanto quanto Jackson, no auge da indústria cultural, mas o grupo The Monkees, dos anos 60, absolutamente fake, fez um sucesso enorme com o projeto curioso de ser contra-cultura, uma espécie de lado B dos Beatles.

Já nos esquecemos dos Monkees, e dificilmente nos esqueceremos de Michael, em parte por causa de suas esquisitices, em parte porque ele esteve presente na mídia por mais de quatro décadas, em parte por sua capacidade de nos inspirar pena, em parte ainda por não sabermos realmente quem ele era.

Como a qualidade artística é frequentemente confundida com critérios quantitativos, é bem provável que ele vá para a posterioridade como o maior talento da música pós-Elvis, o que não é.

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