Sunday, June 07, 2009

Natureza humana nudibrânquia

Só fiquei sabendo da existência do filósofo Bernard Wilson quando de sua morte, há cerca de dois anos. Não conheço nada dele, mas uma citação em Michael Walzer, Guerras Justas e Injustas, capítulo 4, me chamou a atenção.

Nela, Wilson defende que as ciências naturais têm de ser usadas pelos historiadores para compreender a política, cujo entendimento seria deficiente exatamente em razão desta falta grave.

Sinceramente, acho que ele andou assistindo demais ao Discovery Channel. Encontrou uma ligação onde ela não é plausível. As relações entre os Estados são, antes de mais nada, relações entre homens. E homens - isto é o que os distingue das outras espécies - são capazes tanto de seguir a natureza quanto de ir contra ela. Assumindo, é claro, que a natureza humana não se distingue da natureza dos nudibrânquios.

O contrário também serve, tá? A natureza "nudibrânquia" não se distingue da natureza humana.

Certo. É por isso que estamos nos matando uns aos outros (literalmente, não metaforicamente) e que a lei não tem força alguma para modificar essa situação.

Acho que ele se inspirou em leis de mercado para concluir pela aproximação entre comportamento humano e comportamento de - vá lá - nudibrânquios.

Pensando bem, até que ele pode ter razão.

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Considero uma grave deficiência por parte dos historiadores... o fato de ser tão raro que eles se interessem por fenômenos biológicos e zoológicos. Numa recente... filmagem que mostrava a vida no fundo do mar, vê-se um organismo primitivo chamado nudibrânquio devorando pequenos organismos através de um grande orifício numa das extremidades do seu corpo. Quando depara com outro nudibrânquio de tamanho apenas ligeiramente menor, ele engole esse também. Ora, as guerras travadas pelos seres humanos geralmente são estimuladas... por instintos semelhantes à voracidade do nudibrânquio. (Edmund Wilson, Patriotic Gore, Nova York, 1966), p. xi.

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