"É evidente que há apenas um céu, pois no caso de uma pluralidade de céus (como há uma de homens), os princípios motrizes - dos quais cada céu teria um - seriam unos do ponto de vista da forma, mas numericamente muitos. Entretanto, todas as coisas numericamente múltiplas possuem matéria (pois uma e mesma definição aplica-se a muitos indivíduos, por exemplo, a definição de homem, mas Sócrates é singular); contudo, a essência primária não possui matéria, porque é realização completa. Portanto, o primeiro motor, o qual é imóvel, é uno tanto do ponto de vista da fórmula quanto do número. E, portanto, assim é também o que está eterna e continuamente em movimento. Conclui-se, assim, que há apenas um céu." (Aristóteles, Metafísica X).
Resumindo:
Se existissem vários céus, cada um teria um princípio gerador.
Esses princípios geradores seriam muitos, mas teriam a mesma essência (de princípio gerador);
Ora, aquilo que é múltiplo é de natureza material;
Portanto, a matéria teria de ser princípio originário de toda matéria, o que é um absurdo.
Logo, só há um céu.
A redução ao absurdo consiste em supor a verdade da tese contrária à que se quer defender, extrair dela suas consequências possíveis e demonstrar que ela se autocontradiz (ou seja, nega e afirma a respeito do mesmo objeto). Então, se a tese contrária à minha (há vários céus) é falsa, conclui-se a verdade da minha tese (so há um céu).
Voltando ao argumento, não creio ser verdadeira a suposição de que cada céu tenha um princípio motriz distinto dos demais e que esse princípio seja necessariamente imaterial, ou seja, que a matéria não pode ser o princípio originário de tudo o que é material.
Será mesmo que não?
E se a diferença ocorrer na passagem de um para outro? Quero dizer: a matéria/causa pode originar, no processo, não só a matéria/efeito, mas também aquilo que diferencie, ainda que não substancialmente, a matéria/efeito da matéria/causa.
Ihhh...
Estou de férias. Preciso disso não.
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1 comment:
Hooray, hooray, it´s
time to spam away!
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