Thursday, December 28, 2006

O som e a fúria

Que Shakespeare é um evento na história da humanidade, ninguém pode negar. Afinal, entre outros méritos mais conhecidos, ele inventou 25% do vocabulário da língua inglesa, além de ter renovado o teatro inglês. Também é inegável sua influência sobre outros escritores. Uma delas, talvez a mais significativa, é sobre William Faulkner.

Faulkner escreveu sua obra mais conhecida a partir tão somente das últimas palavras de Macbeth, na peça de mesmo nome.

Macbeth, instigado por sua esposa, faz tudo o que está a seu alcance para obter poder. Engana, trai, mata e, por fim, obtém tudo o que quer. Quando enfim é proclamado rei, Lady Macbeth se mata. Sob o efeito da notícia, Macbeth diz, em uma das passagens mais belas da obra de Shakespeare:

"A vida é uma história cheia de som e fúria, contada por um idiota, significando nada".

A peça acaba aqui, mas Faulkner utilizou esta frase para fazer exatamente o que diz Macbeth sobre a vida: contar, em parte pela ótica de um deficiente mental, uma história cheia de som e fúria, significando nada. O resultado é a obra-prima O Som e a Fúria que, como as peças de Shakespeare e os romances de D.H. Lawrence, para não citar todos os grandes escritores, não valem pela história que se quer contar, que pode ser banal, mas pelo modo como é contada. No fim das contas, a obra de Faulkner é cheia de significados.

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