Wednesday, April 30, 2008

Espíritos da antiguidade

Sabe aquelas almas penadas que rondam os cemitérios à noite?

Pois é, na Grécia Antiga elas também davam sinal de vida: rondavam monumentos funerários e sepulturas.

Platão explica: os espectros vistos vagando por aí nada mais são que almas desencarnadas que, quando em vida, estavam presas ao mundo visível. Logo, após a morte do corpo continuam ligadas à matéria e são, portanto, visíveis.

Já reparou que nenhum vidente alega ter visto o espírito de um filósofo?

Não, não. Isso não tem nada a ver com o desinteresse dos videntes (e dos viventes) pelas almas filosóficas, e menos ainda com a pouca cultura dos videntes. A explicação é muito mais profunda: as almas dos filósofos vão para o paraíso das idéias, viver a vida eterna do pensamento. E ficam por lá.

Ow, não precisa ter medo de estudar filosofia. Pode até ser que você fique preso no mundo das idéias e não encontre emprego, mas garanto que não vai começar a ver fantasmas. Isso não. Filósofo não volta prá assombrar ninguém.

Talvez porque não acredite muito na vida, vá saber.

E depois, já virou idéia.

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Eis a passagem:

"E uma vez que é este o conteúdo de tal alma, por ele é que ela se torna pesada, atraída e arrastada para o lugar visível, devido ao medo que lhe inspira o que é invisível e o que chamamos de país do Hades; essa alma ronda os monumentos funerários e as sepulturas, ao redor dos quais de fato foram vistos certos espectros sombrios, de almas, imagens apropriadas das almas de que falamos. Elas, por terem sido libertadas, em estado de impureza e de participação com o visível, são assim também elas visíveis!" (Fédon, 81a)

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