Ainda sobre o Banquete de Platão, vamos ao segundo discurso sobre o amor (tema bastante apropriado, já que Fedro ama Eurixímaco, Pausânias ama Agatão, Alcibíades ama Sócrates, Sócrates ama a filosofia, o homem, a humanidade e a morte e Aristófanes não ama ninguém).
Pausânias não fala sobre Eros, o deus do amor, mas sobre Afrodite, a deusa, e entende que há dois tipos de amor: o amor de Afrodite Pandêmia, e o amor de Afrodite Urânia.
Pandêmia é a deusa do amor físico. Urânia é a deusa do amor, digamos, celestial: amor pelo espírito, pela inteligência, pelo bem etc e tal.
Pausânias esclarece que o amor pelo jovenzinho sem barba é menor. O amor que realmente conta é o aquele que tem como alvo jovens já começando a mostrar inteligência, ou seja, os jovens que já começam a ter barba (mas não os bodes de Erasmo de Roterdã, bem entendido. Estes já são adultos e não gostam de beber com ouvintes de memória fiel).
Digressões à parte, o argumento é: o amante deve visar no amado a possibilidade de encorajá-lo a ser virtudo e sábio. O jovem amado, por sua vez, deve esperar aprender com seu amante a - novamente - ser sábio e virtuoso.
Muito bem.
Então o que estava fazendo Pausânias na feliz companhia de Agatão? Provavelmente Agatão era o imberbe e Pausânias era o bode. Ou o contrário, sei lá.
De todo modo, os discursos caminham de uma descrição do amor, digamos, mais ao gosto de Cicciolina, para algo mais fundamental e mais etéreo. Há no diálogo uma ascensão não muito linear da agnosía (ignorância) para a doxa (opinião) e, enfim, para a episteme (conhecimento), representada pela filosofia e pela figura de Sócrates.
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3 comments:
Belíssimas palavras meu jovem mancebo!
E não são? :-))
tô fazendo um trabalho acadêmico sobre esse tema. Tá tudo errado ee muito superficial. Vá ler Paulo coelho.
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