No "Banquete", Sócrates compara o sofista Górgias à medusa, aquela figura tétrica, que nos transforma em pedras só de olhar para ela (e que Perseu matou usando o escudo como espelho):
"Eu por mim, considerando que eu mesmo não seria capaz de nem de perto proferir algo tão belo, de vergonha quase me retirava e partia, se tivesse algum meio. Com efeito, vinha-me à mente o discurso de Górgias, a ponto de realmente eu sentir o que disse Homero: temia que, concluindo, Agatão em seu discurso enviasse ao meu a cabeça de Górgias, terrível orador, e de mim mesmo me fizesse uma pedra, sem voz." (198 c).
Sócrates expressa o medo de que o sofista possa tornar vazio o discurso do filósofo.
Ironia, claro.
Pelo menos não se pode acusá-lo de modéstia, coisa tão fora de moda.
Em tempo: o sofista Górgias era tão popular em Atenas e arredores que os gregos chegaram a criar um neologismo para se referir às tentativas de imitá-lo: gorgianizar.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment