Tuesday, July 17, 2007

Teoria maluca sobre Lost (2): os filósofos

Qual é exatamente a correlação entre John Locke, o caçador, e John Locke, o filósofo, ainda não sei. Locke é um filósofo empirista. Isso não significa ver para crer, mas passa perto. John Locke, a personagem, primeiro acredita em tudo e todos, depois duvida, quando decide não digitar os números e testar o programa, depois acredita de novo. Se Locke perde a fé na humanidade, porque está preso ao nome do pai, ainda assim passa a acreditar "na ilha".

Danielle Rousseau é a personagem mais fácil de relacionar com o filósofo de quem leva o nome. Rousseau, o filósofo, é o pai do romantismo e da idéia do bom selvagem. Danielle é o bom selvagem: livre, solitária, independente, forte. Ela é parte da ilha; isto é, é natureza. A civilização está distante dela e seus contatos com outros de sua espécie são apenas ocasionais. Danielle é romântica (no sentido da escola de Rousseau): o que a faz sobreviver é o sonho/ideal (no caso, reencontrar a filha). A procura de Danielle pela filha também tem a ver com o filósofo Rousseau: o filósofo abandonou os cinco filhos, após o nascimento, na roda dos enjeitados. Mais tarde, arrependeu-se, e tentou encontrá-los, sem sucesso. Ele dizia que, se mantivesse os filhos, jamais seria Rousseau; seria apenas Jean-Jacques. Danielle só é o que é (o índio com quem Robinson Crusoé trava contato, na ilha de Defoe) porque perdeu a filha e precisa encontrá-la. Enfim, os sobreviventes de Lost são Robinson Crusoé e Danielle é o índio, o bom selvagem.

Deixarei Desmond David Hume para outra ocasião.

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