Friday, May 06, 2005

Estupro acidental

Fiquei impressionada com a sabedoria do Severino. Estupro é um acidente horrendo. Ô Severino, dá um tempo. Por essa lógica, assassinato é acidente, roubo é acidente, latrocínio é acidente, seqüestro é acidente, pedofilia é acidente. E o autor é apenas um descuidado, um inconseqüente, um irresponsável. É isso mesmo? Só falta o Severino dizer que a intenção é da vítima, já que está retirando a intenção do autor.

Ou será que ele queria dizer que estupro é algo acidental? Mas como é possível um “estupro acidental”? Sim, pode ser um “acidente”, considerando todos os eventos possíveis na vida de alguém; considerando o caráter contingencial do fato, quero dizer. Mas, convenhamos, isso é filosofia demais para qualquer Severino. Melhor entender a coisa ao pé da letra: como é possível um ‘acidente’ desta natureza? Alguém caiu sobre alguém assim, do nada, sem nada, e ops?

Não, não. Nada disso. A coisa toda é bem mais simples: o homem apenas se expressou mal. Isso acontece, gente.

Lembrei daquele caso da mulher encontrada morta com 70 facadas. O marido alegou, em sua defesa, que ela se matou. Imagine. As 69 estocadas anteriores à fatal não serviram para nada, nem para desanimá-la, menos ainda para enfraquecê-la. Continuou tentando, tentando, tentando e tentando de novo... e mais uma vez, e novamente, até acertar a pontaria e atingir o coração. Isso é que é uma vontade inabalável.

Mas triste mesmo será um Severino na presidência do país. Considerando que o Rio já elegou um jegue para deputado (ou vereador, sei lá), tudo é possível.

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