Friday, May 13, 2005

Encontrei o mapa do inferno

Inferno não é para qualquer um. É preciso um esforço incessante, de toda uma vida, para se chegar lá. Mas, resolvido esse ponto, há outra dificuldade em que ninguém parece pensar: o senso de direção em um lugar desconhecido. O que fazer? Para onde ir? Esquerda ou direita? Imagine o pânico que vai sentir, se você se perder lá dentro. Acontece.

Mas é possível evitar a desorientação no inferno. É só levar um mapa. Cuide disso agora, porque ninguém sabe o dia de amanhã. Clique no título.

Clicou? Então observe a trilha. Ela nos levará a Caronte, um velhinho espectral que o ajudará a atravessar o pântano. Não se esqueça de levar duas moedas de ouro para pagá-lo, que nem no inferno se trabalha de graça.

Em seguida você será recebido por Cérbero, um cãozinho muito amável para com quem entra. Só não tente fugir.

Mais à frente está o vale de lágrimas, onde poderá chorar à vontade e lamentar ter partido desta para pior. Até então, enquanto os deuses não tiverem decidido seu destino final, você estará no purgatório. Mas o purgatório terá fim na planície de julgamento, e só há dois veredictos possíveis: culpado ou inocente. Esquerda ou direita.

Faça o impossível para não seguir a trilha à esquerda. Chore, esperneie, minta, negue tudo, argumente que foi enganado, suplique por clemência. Não vai adiantar nada, mas tente assim mesmo. Este é o caminho dos maus. Ele o levará ao Tártaro: escuro, flamejante, escaldante, insuportavelmente quente e cheio de coisa morta lá dentro, como o caldeirão da bruxa. Os castigos são horrendos, que o digam Íxion, Tântalo e Sísifo.

Mas, se você tiver sido bom, então Hades e Perséfone o receberão em seu castelo, para um lauto jantar. Alimentado, continue seguindo a trilha da direta. Ela o levará aos Campos Elísios, o lugar de repouso eterno.

Para quem vai habitar o Tártaro, é fundamental que se lembre de tudo que fez. Afinal, é castigo. Mas para os bons, é importante que esqueçam a vida anterior, ou não serão felizes. Será preciso, então, mergulhar no Lethe, o rio do esquecimento. Ou beber de sua água, tanto faz. Quando sair dele, já terá esquecido tudo e poderá passar a eternidade em paz, aproveitando a brisa. Sim, isso pode parecer cruel, mas veja por outro lado: não sentirá saudade, nostalgia, nada. Só a brisa. Melhor que carregar pedra.

Paraíso, inferno, purgatório, vale de lágrimas, planície de julgamento, juízo final, brisa e descanso eterno para os bons, fogo e trabalho incessante para os maus...

Você já viu esse filme antes. Essa versão pode não ser a primeira, mas eu garanto que é anterior.

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