Wednesday, May 18, 2005

A cerca de Hume

Hoje o que me chama a atenção é a cerca de Hume. Pode ser também a cerca de Kant, a cerca de Hegel, a cerca de Descartes, a cerca de Rousseau. Não importa de quem seja a cerca, o que importa é a cerca de.

Eu sei, a coisa fica um pouco mais complicada quando o caso é a cerca de Parmênides, porque não dá pra saber com certeza se ele tinha uma. Sim, a cerca é uma das coisas mais antigas da humanidade, e veio logo depois que alguém disse “isso é meu” e criou, assim, a propriedade privada. Mas a dificuldade mesmo é saber se Parmênides tinha alguma propriedade. Em todo caso, é certíssima a inexistência de cerca em Heráclito de Éfeso.

A cerca de Rousseau? Beleza. É o marco decisivo entre o bom selvagem e o homem civil. O mundo civilizado, intelectualizado, bom de papo, começou bem aí: na cerca.

A cerca de Hume? Não é muito conhecida. Eu quero dizer, não sabemos se era de arame farpado, madeira, ou qualquer outro material que não utilizamos mais com esse propósito. Mesmo assim, sabemos com certeza que havia uma cerca, já que ele tinha posses. Então é possível escrever sobre ela. Há que se inventar, mas é possível.

O correto mesmo, para quem não quiser se dar mal, é deixar o "a cerca de" para filósofos políticos ou epistemólogos. Pode ser que a marcação de território faça algum sentido.

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