Escrevi, na tese, que os sofistas ampliaram o conceito de cidadania ao permitir que todos que quisessem estudar pudessem fazê-lo. Até então só os nobres tinham direito à educação.
Meu orientador argumentou que isso é uma falácia liberal: embora todos pudessem, em tese, estudar com os sofistas, apenas aqueles que pagavam podiam de fato fazê-lo. Então a situação não mudou, porque só os nobres tinham dinheiro suficiente para pagar.
Não entendo assim. Acho que há uma diferença relevante entre o que uma cultura não permite devido a valores assumidos e o que ela não permite devido à desigualdade econômica. No primeiro caso, a dificuldade não pode ser transposta. No segundo, pode, ao menos em tese.
Independentemente do empírico, da prática, alguma coisa fundamental aconteceu: antes dos sofistas ninguém tinha acesso à educação exceto os nobres, e isso não tinha nada a ver com poder pagar, mas com uma estrutura social inflexível. Quando os sofistas começaram a vender seus ensinamentos, essa ordem social sofreu uma alteração substancial: só os nobres estudavam (por razões diversas, inclusive financeiras), mas todos podiam estudar, se quisessem e tivessem dinheiro para pagar. É verdade que não tinham, mas isso não muda o fato de que podiam estudar.
Logo, os sofistas ampliaram, sim, a educação, tornando-a possível para todos.
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