Aurélio Agostinho, que viveu no século IV de nossa era, tinha um modo bastante peculiar de pedir algo a Deus: quero, mas esperumpoquin.
Agostinho devia achar que, para obter uma graça, seria melhor começar a pedir logo cedo. Isso não significa que Deus não fosse atender, ou que demorasse para ouvir. Pedir desde a infância ou a adolescência para obter a graça na velhice talvez tivesse o propósito de dar-se tempo suficiente para formar a convicção. Quero dizer: agora tenho certeza. Quero mesmo.
Bem, fosse como fosse, o fato é que ele tinha um grande, enorme desejo: o desejo de não ter mais desejo. Ou pelo menos de controlá-lo.
A oração em que o filósofo pede a Deus que o torne casto é digna de nota:
"Eu, jovem, tão miserável, sim, miserável desde o despertar da juventude, tinha-vos pedido a castidade, nestes termos: 'Dai-me a castidade e a continência, mas não ma dais já', temendo que me ouvisses logo e me curásseis imediatamente". (Confissões)
Resumindo: "Senhor, fazei-me casto, mas não já."
Como ele mesmo diz, teve receio de ser atendido.
É.
Faz sentido.
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