Thursday, September 15, 2005

Amar é... (2): ser casto!

Aurélio Agostinho, que viveu no século IV de nossa era, tinha um modo bastante peculiar de pedir algo a Deus: quero, mas esperumpoquin.

Agostinho devia achar que, para obter uma graça, seria melhor começar a pedir logo cedo. Isso não significa que Deus não fosse atender, ou que demorasse para ouvir. Pedir desde a infância ou a adolescência para obter a graça na velhice talvez tivesse o propósito de dar-se tempo suficiente para formar a convicção. Quero dizer: agora tenho certeza. Quero mesmo.

Bem, fosse como fosse, o fato é que ele tinha um grande, enorme desejo: o desejo de não ter mais desejo. Ou pelo menos de controlá-lo.

A oração em que o filósofo pede a Deus que o torne casto é digna de nota:

"Eu, jovem, tão miserável, sim, miserável desde o despertar da juventude, tinha-vos pedido a castidade, nestes termos: 'Dai-me a castidade e a continência, mas não ma dais já', temendo que me ouvisses logo e me curásseis imediatamente". (Confissões)

Resumindo: "Senhor, fazei-me casto, mas não já."

Como ele mesmo diz, teve receio de ser atendido.

É.

Faz sentido.

No comments: