Sunday, July 03, 2005

Os filósofos e os porcos (1)

A propósito de meu coleguinha João de Salisbúria, em cuja companhia passei três anos muito agradáveis: ele me contou que estudou durante 16 anos na Escola de Chartres, na França. Sem concluir os estudos, por falta de recursos, ordenou-se padre e voltou para sua terra natal, a Inglaterra. Vinte anos depois, fugindo dos desmandos de Henrique I, retornou a Chartres.

Encontrou a antiga escola nas mesmas condições em que a deixara: discutindo exatamente os mesmos problemas e ainda sem conseguir resolvê-los.

Para mostrar a inutilidade disto tudo, João lançou o seguinte dilema:

-- O porco que é levado ao mercado está suspenso pelo homem ou pela corda?

Como boa amiguinha que sou, vou examinar as possibilidades:

1. O porco está suspenso pela corda, tese que chamaremos 'artificialista' (já que a corda é algo artificial, não natural);

2. O porco está suspenso pelo homem, tese que chamaremos 'naturalista' (já que o homem é natural, não artificial).

Os defensores do naturalismo dirão que o artificial deriva do natural. Portanto, o que sustenta a corda que sustenta o porco é o homem. Logo, o porco não está, em última análise, suspenso pela corda.

Os defensores do artificialismo dirão que o homem, natural, sustenta a corda, artificial, mas é a corda, artificial, que sustenta o porco, natural. Ou seja, se o natural sustém o artificial, é o artificial que em última instância sustém o natural. Sendo assim, o porco que é levado ao mercado não está suspenso pelo homem.

Ora, se o porco não está suspenso nem pela corda e nem pelo homem, então como é que ele conseguiu chegar ao mercado?

Eis aí um sub-dilema.

4 comments:

Anonymous said...

Não seria pelo fato de que dp do defunporco (defunto porco) bateu as patas, ele tenha virado um anjiporco (anjo porco) e então assim, com suas porcas asinhas ele abraçou deliporcamente seu corpitxu roliço e mórbidxu e foi AVUANDO até o local indicado pela porquixa informante lá da porc(t)aria do céu? Será, será, será...?

sofista said...

Eitcha! deixe-me ver... você está dizendo que o porquinho morreu, virou anjo, abraçou a si mesmo, foi informado por uma porquinha onde está a porcaria do céu e voou prá lá? Entendi direitinho? Não, não. Acho que o que você disse é que o porquinho que morreu bateu as asinhas... não, bateu as botas, e abraçou as asas... não, uma porquinha do céu abraçou seu corpinho roliço e então voou para o céu... não, não!, já sei, é assim: o corpinho roliço morreu, ganhou asa e voou para a pata, não, voou para o céu, não!, voou para o mercado e virou anjo, e... e eu já não tô entendendo mais nada! :-))) Afinal, o porco chegou ao mercado ou não chegou? Chegou vivo ou chegou morto? Chegou sozinho ou acompanhado? Foi caminhando ou foi carregado? Puxa!

Anonymous said...

mas que puxa! então só nos resta apelar pra CPI
(comição porca de investigaçao).. :p

sofista said...

:-)))))))))) Que tal Comichão Parlamentar de Inquérito? :-)