Saturday, July 23, 2005

Ah, o amor!

Como meu HD pifou, perdi arquivos e estou muito p. da vida, tenho o pleno direito de descontar em alguém.

Pois está decidido: será em Platão.

Então. Aproveitando a onda de denuncismo, também quero fazer uma denúncia muito séria e verdadeira: PLATÃO ESCREVIA POEMINHAS... ROMÂNTICOS!

Ora, ora... Suspiros apaixonados de um filósofo nada platônico.

Taí a prova, pra quem quiser ver.

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(29) No quarto livro de sua obra Da Luxúria dos Antigos, Aristipos diz que Platão era apaixonado por um rapaz chamado Aster, que estudava astronomia junto com ele, e também por Díon, mencionado acima, e ainda, como dizem alguns autores, por Faidros. Evidenciam o seu amor os epigramas escritos por ele sobre essas pessoas:

“Olha os astros, meu Aster! Ah! Se eu fosse os céus para contemplar-te com muitos olhos!”

E outro:

Entre os vivos, Aster, brilhavas como a estrela matutina; agora, morto, que brilhes como a estrela vespertina entre os finados!”

(30) E, para Díon o seguinte:

As Parcas decretaram lágrimas a Hecabe e às mulheres de Ílion desde o seu nascimento. A ti, entretanto, Díon, que conquistaste a vitória em belas iniciativas, os deuses reservaram amplas esperanças. Jazes na pátria imensa, honrado por teus concidadãos, Díon, tu que deixaste meu coração louco de amor”.

(31) Dizem que este último epigrama foi gravado sobre a tumba de Díon em Siracusa. Consta ainda que, estando enamorado de Aléxis, e também de Faidros (já mencionado), Platão compôs o seguinte epigrama:

Agora que eu disse ‘Somente Aléxis é belo’, todos o contemplam e por onde passa ele é olhado por todos. Por que, meu coração, mostrar o osso aos cães? Depois sofrerás. Não foi assim que perdemos Faidros?”

Platão também possuiu Arqueanassa, para quem compôs o seguinte epigrama:

Possuo Arqueanassa, cortesã de Colofon; até em suas rugas pousa o amor picante. Ah! Infelizes que colhestes a flor de sua primeira viagem, por que chamas passastes!”

(32) Ele compôs este outro epigrama sobre Agaton:

Enquanto beijava Agaton eu tinha a alma nos lábios, como se ela quisesse – infeliz! – passar por ele!”

E outro:

Lanço-te esta maçã, e se queres realmente amar-me, recolhe-a e deixa-me provar a tua virgindade. Se não pensares assim – que isso não aconteça! – recolhe igualmente a maçã e vê como é breve a beleza!”

E ainda este:

Sou esta maçã, lançada por quem te ama; cede, Xantipe, pois ambos nascemos para fenecer”.

(Diógenes Laércio – Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres. Brasília : UnB, 1977, p. 92 e ss)

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Quem nunca escreveu um poema, que atire a primeira pedra.

2 comments:

Anonymous said...

Adorei seu Blog. Será que ainda escreve?

sofista said...

Oi Anônimo!

Obrigada por passar por aqui e por escrever.

Sim, este blog ainda está ativo. Meu tempo livre diminuiu bastante nos últimos meses, por isso não tenho escrito todos os dias, mas continuo escrevendo, e não tenho intenção de parar.

Mais uma vez, obrigada por escrever.