Sunday, February 24, 2008

Vampiros (5): Espíritos anti-democráticos

Depois de escrever o último post, me ocorreu a brilhante idéia de escrever um manual de sobrevivência de mortos-vivos.

Olhe só. Com toda essa expertise em vampirologia e defesa contra mortos-vivos tornada pública e acessível a qualquer mortal, os vampiros não têm como sobreviver. Alguém precisa fazer alguma coisa. Se os vampiros desaparecerem da face da terra, o que será dos vampirólogos? Sobretudo, o que será de nós, meros mortais? Vamos simplesmente morrer e pronto? Desaparecer? Assim, c'est fini? Nãnãnãnão!

Melhor ser um cadáver vivo que um cadáver morto, né não?

Puxa, será que ninguém pensa nisso?

Não temos o direito de escolha? Prefiro ser zumbi a carniça. Dá licença?

E depois, há uma ambição totalitária por trás da caça implacável aos zumbis. É genocídio, promove o desequilíbrio ecológico dos cemitérios e a eliminação da diferença. Como fica a democracia, santa?

Eitcha. Minha idéia é mesmo muito boa. Só não sei se vai vender. Matar vampiros dá mais ibope que proteger vampiros.

6 comments:

tilhio said...

Quanto humor negro!

Anonymous said...

Aquele padre disse que re-matou um vampiro (ou matou? a primeira vez ele ainda não era vampiro).
Ele não deveria estar preso? Se não for por homicídio, pelo menos por "desrespeito aos mortos".
Se num churrasco estou comendo uma carne mal passada e um padre maluco vem e me espeta o peito com uma estaca, o que devo fazer?
Daqui a pouco o cara estará perseguindo a gurizada que toma sangue de galinha e se pinta de preto.

Calma aí. Não foi um padre que liderou a queima de uma bruxa no mexico recentemente?

E falam mal do Edir, só porque gosta de dar uns petelécos na santa.

bjs

sofista said...

Oi Tilhio!

É verdade, há humor negro em excesso aí. :-))) Se bem que o humor negro já é, por definição, over. :-)))

Em todo caso, humor negro mesmo é esse de inventar caça aos vampiros e técnicas de proteção contra zumbis, escrever livros e... vender! Isso é o mesmo que escrever um livro sobre como ajudar o Tio Patinhas a ficar mais rico, ou o Frankestein a encontrar a sua cara metade. Vampiro é criação literária. Como é que pode? Daqui a pouco meu filósofo de plantão, o Popotapoulous, vai inventar uma filosofia do absurdo, ficar famoso e encontrar seguidores. É o fim que pessoas acreditem em vampiros, sacis-pererês, elvis presley e coisas do gênero. Muita, muita piração.

Prefiro não acreditar em nada, a começar a achar que a vida será mais interessante se existirem monstros terríveis que nos espreitam e retiram de nós toda responsabilidade sobre nossas ações.

Guento não. :-)))

sofista said...

Oi Anônimo!

Não sou expert em vampirologia, mas tenho alguma experiência em assistir a Entrevista com o Vampiro, Drácula, Van Helsing, Anjos da Noite, Nosferatu etc. Serve?

É brincadeira de criança matar um vampiro. Ele fica ali, praticamente em coma dentro de um caixão. Qualquer um pode espetar uma estaca nele. Deviam inventar um monstrinho menos vulnerável.

Matar um morto é homicídio qualificado?

Quanto ao churrasco, já pensou em ser vegetariano? Você não vai impedir os malucos de inventar maluquices e matar por elas, mas vai impedir os caçadores de vampiros de achar que você é um deles. E então? Pense bem. Compensa. :)))

"Calma aí. Não foi um padre que liderou a queima de uma bruxa no mexico recentemente?"

Ué, não sei. Mas tudo é possível. Por aqui um padre não queria realizar um casamento porque havia mulheres "seminuas" e "sem sutiã" na igreja. Agora me diga: como é que ele sabia disso, se devia estar atento à realização da cerimônia?

tilhio said...

Oi Sofista!

Fiquei curioso com o seu comentário acima. Gostaria de sujerir um tópico sobre sua "crença em crença alguma". Em que você acredita, na ciência, na razão? Em que você não acredita, em religiões, mostros? E quanto a consensos e convenções como a democracia, o direito civil, a liberdade?

Abraços.

sofista said...

Oi Tilhio!

Eu acredito que estamos vivos e que vamos morrer. O resto é especulação. :-)))

Falando sério, eu não acredito na razão ou na ciência. Tudo o que é humano é passível de erro, mas isso não muda o fato de que a razão é o melhor e mais confiável instrumento que temos para compreender a realidade. Não se trata de acreditar na razão, mas de comparar os resultados derivados desse meio com os de outros, e de poder submeter as explicações a um exame crítico.

De fato não acredito em religões.

Liberdade é como felicidade, amor, paz: uma idéia bonita, que nos ajuda a seguir em frente.

Não acredito na democracia, mas não conheço Estado melhor para se viver que o democrático.

Também não acredito em Direito civil, se isso quer dizer achar que a justiça sempre prevalece, mas um Estado em que os cidadãos não têm a lei para protegê-los é o que de mais desastroso pode acontecer.

É isso. :-)))

Abraços!