Sunday, June 03, 2007

Progresso moral (2)

No post anterior, comentei que não concordo com a idéia de que há sempre um progresso moral da humanidade. Concordo que haja, mas não que haja necessariamente, de modo linear, sem retorno à barbárie.

Hoje, ocorreu-me que deixei escapar um ponto importante. Para Kant, a natureza obriga, mais dia menos dia, à paz perpétua. A coisa toda é tão óbvia, que fiquei por entender o cochilo. Trata-se, tão somente, do impulso natural à auto-sobrevivência. Agora o argumento já faz mais sentido para mim: numa situação de guerra, corre-se o risco de aniquilamento. Diante desta possibilidade, a natureza se encarrega, por via do instinto de auto-sobrevivência, de colocar os homens (as nações, no caso) em disposição favorável à paz, mesmo que isto signifique a renúncia a uma certa liberdade de ação. Fala mais não o interesse imediato, mas a segurança.

Bem, entendi. Não tenho como escapar deste argumento, exceto pela afirmação de que ele (o argumento) supõe que os homens ajam racionalmente: que, diante do possível aniquilamento, sejam capazes de fazer um cálculo de consequências elementar e que dele resulte a escolha pelo melhor.

Mas será assim, necessariamente?

Há algo mais contingente que a natureza humana?

Continuo matutando sobre o assunto. Talvez consiga encontrar um ponto fraco na tese, porque ela não me satisfaz.

Se não, talvez pare de brigar e me renda à lógica kantiana.

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