Tuesday, June 19, 2007

Atlantidades

Ah, Platão! O arauto (não o pai, ou o criador) das mais belas mentiras que a humanidade já contou.

É verdade que ele repete mais do que inventa, mas é sem dúvida o grande panegirista da vida filosofante bem morrida.

Ficou confuso? Liga não. É que a coisa é complicada mesmo.

Bem, vamos ao que interessa. Já que estou falando de Atlântida, fui buscar o livrinho para bem citar a passagem sobre a cidade perdida. Na verdade, Platão faz referência a Atlântida no Timeu e no Crítias, mas vou ficar com o Timeu. A passagem é longa demais, então não vou copiá-la aqui. Procure no Timeu, a partir de 21a.

Trata-se de um diálogo entre Sócrates, Timeu e Crítias, em que este relata o que ouviu de seu avô Crítias, que lhe contara a história relatada por um tal Sólon.

Confuso? Então explico novamente: Sólon é um reformador político do século VI a.C., (aquele que vestiu os soldados de mulheres para ganhar uma guerra, lembra?). Pois é, Sólon, um dos sete sábios do passado, era parente de um tal Drópides, a quem contou sobre Atlântida. O tal Drópides contou a história ao filho, Crítias, que a contou ao neto, o Crítias do diálogo, que a conta a Sócrates, que já havia feito referência a Atlântida.

Ainda está confuso? Sossegue. Nada na vida é fácil.

O importante é que a história contada por Platão foi contada por Crítias a Sócrates, que já a contara antes ao próprio Crítias, que a ouvira de seu avô Crítias, que a ouvira de seu pai Drópides, que a ouvira de Sólon, que jurava de pé junto ser tudo verdade.

Continua confuso?

Então faça o seguinte: esqueça Atlântida. Garanto que nem vai sentir falta.

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