Sunday, February 18, 2007

Subterrâneos do Vaticano

Em 1152, Frederico I, o Barba Ruiva, ascendeu ao trono germânico (que se tornaria o império franco-germânico).

Frederico achava que era descendente e sucessor dos antigos imperadores romanos. Portanto, herdeiro natural de todo o ocidente conhecido então. Para assumir o que lhe era de direito, havia um grande obstáculo: o poder político da igreja de Roma.

O problema ficou um pouco maior quando um inglês, Nicholas Breakspear, tornou-se o papa Adriano IV, em 1154. Os desentendimentos entre eles, que resultaram na excomunhão do Barba Ruiva, giraram em torno tanto de coisas banais, como Frederico se recusar a segurar as rédeas do cavalo do papa, quanto de disputas políticas sérias, como a revolta das cidades do norte da Itália.

Quando Adriano IV tornou-se papa, havia em Roma um tal Arnaldo de Brescia, cônego agostiniano, que achava porque achava que a igreja devia ser pobre como ele. Era tão obstinado com a idéia da pobreza alheia que conseguiu incitar uma rebelião em Roma. Foi preso, mas isso não era o bastante.

Como Frederico precisava ser coroado rei pelo papa (mais precisamente, receber a benção que o tornaria sucessor ao trono também por direito divino), Adriano IV enviou uma mensagem ao monarca: aceitaria coroá-lo rei se e somente se Frederico I lhe entregasse Arnaldo de Brescia.

Frederico I atendeu prontamente: entregou o rebelde ao prefeito de Roma, que o devolveu à Santa Sé, bem enforcadinho, conforme o desejo do papa. Afinal, o tal Brescia era um zé-ninguém para o imperador, um agitador para o prefeito de Roma e um perigo para o conforto material do papa. E depois, lá se vão os dedos, mas ficam-se os anéis.

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