Tuesday, April 11, 2006

Os gnósticos e o capeta (2)

Continuando o assunto "Os gnósticos e o capeta", iniciado no post anterior. O problema apresentado, para resumir, reside no seguinte: se o bem é imaterial e representa a totalidade, de onde vem o mal, ou seja, o mundo material?

A resposta é simples: em um extremo está o bem. Em outro, o mal. Entre eles há uma série finita de emanações (algo em torno de 52). A cada emanação, um grau maior de imperfeição. Logo, o último ser imaterial, afastado que está da perfeição originária, já carrega em si a maldade. Este é o único ser espiritual capaz de criar a matéria originária e, a partir dela, todo o universo como o entendemos.

Em outras palavras: para os gnósticos, quem criou o mundo em sete dias não foi deus; foi o diabo. A existência do diabo é gerada não por seu contrário, o bem, mas por um processo de mutação inevitável e irreversível no mundo imaterial.

Esta crença é a base de todas as outras divergências entre os cristãos e os gnósticos. O Evangelho de S. Judas (que, reza a ciência, foi encontrado na década de 70), faz de Jesus o arquiteto de sua morte (para libertar o espírito da matéria) e, de Judas, o seu fiel ajudante.

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