Saturday, March 04, 2006

Infância do mundo

Tenho assistido de vez em quando a séries antigas (antigas mesmo, das décadas de 60 e 70), e fico me perguntando: fui eu que perdi a inocência, ou foi o mundo? É que tudo parece tão inocente, tão ingênuo, tão puro...

Há algo de mais inocente que a falta de caráter desajeitada e efeminada de um Dr. Smith e a bondade inata e masculina de um Will Robinson?

Onde foi parar o Crepe Suzette? E o robô?

Dá prá acreditar na amizade sincera e pueril entre o Batman e seu menino-prodígio?

Quem é capaz de ignorar a doutrinação de um Almirante Nelson-bullshista, o bom cristão racional e correcional?

Dá prá assistir a um Colt-não-sei-das-quantas (de Duro na Queda, mas vá por mim, esqueça) abandonar as suas mulheres lindíssimas e arrumar outras mulheres lindíssimas, sem ver o que isso realmente significa?

Quem pode assistir a "Jeannie é um gênio" sem entender o que se diz nas entrelinhas?

Quem ainda não percebeu que Starsky e Hutch eram mais do que parceiros no combate ao crime?

Supermáquina? Homem de seis milhões de dólares? Mulher biônica? Panteras? Gatões? A família Walton? A família Robinson? A família Dó-Ré-Mi? Zorro? Noviça voadora, cujo único pecado era voar?

Ah, fala sério!

O mundo envelheceu, perdeu a inocência. Não se faz mais seriados como antigamente. Ainda bem.

2 comments:

Anonymous said...

Eu não sei quanto a você, mas de vez em quando ainda me pego com o seguinte pensamento: "Mas se eu faço coisas boas porque não está acontencendo coisas boas comigo?". Daí caio na risada curtindo com a minha própria cara. Éramos ingênuos (toda a nossa época o foi). E, talvez, ainda o sejamos.

sofista said...

Oi Weber!
Sim. Embora saibamos que não há justiça cósmica, a gente sempre espera que exista. O problema é que a alternativa é inaceitável: se não há justiça cósmica, então o que vale é o aqui e agora. Logo, qualquer coisa vale, desde que eu me dê bem.
Não dá, né?