No Fedro de Platão, Sócrates é contrário à escrita, porque entende que ela mata o pensamento. A escrita é estática, enquanto o pensamento é dinâmico. Logo, uma vez escrito, o pensamento estratifica e morre.
Trocando em miúdos, a escrita é rigor mortis do pensamento.
Ainda bem que ninguém deu ouvidos a ele.
O legislador Sólon, que tornou compulsório o ensino da leitura e da escrita, devia estar se revirando na cova.
Veja a passagem, resumida:
"Uma vez escrito, todo o discurso rola por todos os lugares, apresentando-se sempre do mesmo modo, tanto a quem o deseja ouvir, quanto a quem não mostra interesse algum, e não sabe a quem deve falar e a quem não deve (Fedro 275d-e)."
Na sequência, Sócrates argumenta que a escrita faz com que a leitura aliene o pensamento: ninguém é capaz de pensar por conta própria, já que opiniões prontas estão à disposição de qualquer um. Isto acontece com frequência, mas o problema não está na escrita, e sim em quem se serve dela para alimentar sua preguiça intelectual e escondê-la até de si mesmo.
Menos, Pratão. Menos.
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2 comments:
Gostei do seu texto, sem muito para comentar... Como um bom estudante de Letras, sei da importância da escrita... Mas sei lá, só quero dizer mesmo que seu blog é interessante... Eita preguiça! rsrsrs
Olá Natan,
Obrigada por passar por aqui e por escrever. Andei um pouco sem tempo nos últimos meses, mas tentarei atualizar meu blog com mais frequência daqui para a frente.
Escreva sempre.
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