Saturday, September 30, 2006

Bonecos cartesianos

Havia, nos jardins reais da Paris do século XVII, uma espécie de Disneylândia: alguns bonecos colocados no centro de uma fonte produziam sons e respondiam à aproximação de seres humanos com movimentos dos braços, das mãos ou da cabeça, assustando os visitantes, por parecerem estar vivos. Mas estes movimentos eram, na verdade, efeito de um mecanismo muito simples: quando os visitantes se aproximavam dos bonecos para vê-los melhor, pisavam inadvertidamente em uma perda ou tabuinha que fazia o mecanismo funcionar.

Mas o que tudo isso tem a ver com Descartes?

Ele usou os bonecos do parque de diversões como modelo para descrever o corpo humano: a força das águas que emergia das fontes dos jardins reais era capaz de, sozinha, mover várias máquinas. Descartes supôs então que o corpo humano era movido também por uma espécie de sistema hidráulico: os tendões e nervos seriam o encanamento; o coração seria a fonte de água e o cérebro seria algo com um tanque de armazenamento da água. Como uma caixa d'água, entende?

A respiração seria a encarregada de manter tudo isso funcionando.

Trocando em miúdos, nossos corpos seriam basicamente líquido em movimento.

Êta raciocínio analógico!

E não é que tem lá seu sentido?

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