Já dizia o sábio Thomas Hobbes:
A comparação da vida do homem com uma corrida, se bem que não possa ser sustentada ponto por ponto, resulta tão forte para o nosso propósito, que por ela se pode ao mesmo tempo ver e relembrar quase todas a paixões que mencionamos. Mas não devemos supor que esta corrida tenha outro fim, nem outra utilidade, que ir sempre adiante;
assim,
fazer esforço, é o apetite;
ser indolente, é a sensualidade;
considerar os que ficam atrás é a glória;
considerar os que estão à frente é a humildade;
perder terreno olhando para trás, a vanglória;
ser reservado, o ódio;
voltar atrás, o arrependimento;
ter fôlego, a esperança;
estar lasso, o desespero;
tentar ultrapassar o que o precede, a emulação;
suplantar ou arruinar, a inveja;
estar resolvido a passar outro numa paragem prevista, a coragem;
passar outro numa paragem imprevista, a cólera;
passar facilmente, a magnanimidade;
perder terreno em pequenos obstáculos, a pusilanimidade;
cair de repente, é a disposição para chorar;
ver um outro cair, a disposição para rir;
ver ultrapassar alguém que não queríamos que o fosse, é a piedade;
ver alguém ultrapassar quando o não queríamos, é a indignação;
manter-se muito junto dum outro, é amar;
ajudar aquele que se mantém perto, é a caridade;
ferir-se por precipitação, é a vergonha;
estar sempre ultrapassado, é a miséria;
ultrapassar sempre o que o precede, é a felicidade
abandonar a corrida, é morrer.
Thomas Hobbes, Elementos de Lei Natural e Política
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