Sunday, December 25, 2005

Então é natal?

Se há algo realmente chato em fim de ano é ter de dizer "Feliz Natal" a todo mundo que encontro. Se não disser, tenho algum problema, claro.

Não é a época que acho chata, pelo contrário; chata é essa obrigação de dizer "Feliz Natal", "Boas Festas", "Felicidades", "Feliz ano novo", "Que todos os sonhos se realizem", "Feliz 2006", caixinha de fósforo, bolinha de gude, elefante cor-de-rosa e coisas do gênero.

Va lá: eu desejo tudo isso ao mundo inteiro, inclusive as bolinhas de gude, mas tenho uma preguiça danada de dizer. A gente tem de ficar repetindo esse mantra o dia inteiro, por três semanas, mais ou menos, prá todo mundo que vê: o funcionário da loja, o gerente do banco, o lixeiro, o taxista, a família, os amigos, os colegas de trabalho etc e tal. É gente demais no mundo. Será que ninguém pensa nisso?

Bem, eu penso.

Supondo uma cidade com um milhão de habitantes. Em três semanas circulando por aí, vamos supor que eu passe por, digamos, 50 mil pessoas diferentes (exagero? É só imaginar um shopping em véspera de natal). Destas, com apenas 20%, no máximo, eu mantenho algum contato circunstancial. Destas ainda, com 5% eu tenho um contato mais próximo, ainda que ocasional e, do número restante, apenas 1% eu posso dizer que conheço. Se eu somar a esse número os contatos via internet, posso chegar ao seguinte: tirando dos 50 mil iniciais os 2o% que existiram de algum modo para mim e com os quais cheguei a falar (ainda que fosse apenas "bom dia" e "feliz natal"), tenho 10 mil. A estes, somam-se os contatos da internet; digamos, umas 50 pessoas. Então eu tenho de dizer "feliz natal" 10.050 vezes. Multiplicando o número por 2, já que também tenho de dizer "Feliz ano novo", a soma chega ao absurdo de 20.100 vezes!

Credo. Não quero isso prá mim, não. Se eu dividir este resultado pelo número de segundos do dia, vou descobrir que parte do meu tempo e energia está sendo investido em dizer frases repetitivas, vazias, sem significado, puramente por obrigação social e para não parecer, digamos, esquisita.

Então, prá resolver o assunto de vez e não ter de desejar Feliz Natal a mais ninguém, repasso:

"Boas Festas...

B... ...estas!"

Ops! Engasguei.

É o vinho.

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