Wednesday, November 30, 2005

Cruzadas (3): A marcha das crianças

Ano de 1217. Há pouco mais de um século o vaticano convocava seus fiéis para lutar pela Terra Santa, o que significava basicamente expulsar os ímpios de Jerusalém. Nesse momento, o ocidente amargava um fracasso retumbante após quatro cruzadas. Nem mesmo toda a carnificina que promoveram no Oriente foi suficiente para garantir a vitória.

Era preciso uma injeção de ânimo e fé, e o vaticano deu prova de entender bem do assunto: alegou que os cruzados não recuperaram Jerusalém (e com ela o Santo Sepulcro) porque eram pecadores. Claro, eram adultos e adultos pecam até em pensamento. Somente alguém puro de espírito poderia devolver a Terra Santa aos cristãos.

Quem é puro de coração nessa terra? As crianças, claro.

Então o problema todo consistia em convencer as crianças e seus pais de que Deus precisava delas - coisa, aliás, facílima - e eis o absurdo dos absurdos: cinqüenta mil crianças marchando para Jerusalém, arma em punho e adulto aproveitador ao lado, marchando para lutar contra os muçulmanos, armados sobretudo de pureza.

Muita pureza, que acabou na morte precoce e na escravidão.

Quem não morreu foi vendido como escravo.

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