Saturday, March 26, 2005

Tudo que você queria saber sobre o Graal e nunca teve coragem de perguntar

Os cientistas que corajosamente ainda abraçam a fé vêm especulando há séculos sobre o destino do Graal. O que eles ainda não sabem é que a peça, única, foi fabricada nos idos de Akenáton, faraó do Egito, e consagrada ao culto do deus Áton, em substituição aos vários utensílios utilizados em libações para diversos deuses. Com a destruição do templo por aquele povinho que não queria nada com um deus que se dizia único, um sobrevivente da família real e fiel adorador de Áton o escondeu antes de ser morto. Moisés, ao matar o egípcio, roubou a preciosidade pensando em vendê-la no caso de passarem fome no deserto (a quem ele venderia, só Moisés poderia dizer). Bem, Moisés roubou o Graal, mas não precisou vendê-lo porque veio o maná, mas acabou tendo uma briga séria com Aarão, seu irmão, quando este quis derreter o Graal para usá-lo no bezerro de ouro que estavam fabricando. Contrariado, Moisés foi para o monte e sumiu por lá, junto com o Graal. Não acharam o corpo de Moisés porque um incauto o enterrou, pensando que era um indigente, e achou que o Graal ficaria bem na estante da sala, quando chegasse à terra santa e pudesse enfim
ter uma sala. Assim, o Graal foi levado para a terra santa, preservado pela mesma família, que não tinha idéia de seu valor. Um dos descendentes do ramo que saiu da Judéia tornou-se mago e, junto com dois amigos magos, empreendeu uma jornada até a cidadezinha de Nazaré, onde ouviu dizer que nasceria o rei dos reis. Queria presenteá-lo com o mais puro ouro, mas como era pobre, a única peça de ouro que possuía era o Graal. A família protestou, mas não teve jeito. O mago que queria ser rei levou a taça de ouro para presentear o bebezinho, pensando prudentemente em sua descendência, que um dia poderia cair nas graças do futuro Grande Rei em virtude desse sacrifício pessoal e familiar. José quis aproveitar para vender o ouro aos fariseus do templo, mas Maria gostava muito de recolher relicários e sempre pensava primeiro no filhinho, que não tinha nada
além do Graal (porque o incenso eles queimaram e a mirra não servia prá nada mesmo). Não seria correto que os pais se apropriassem do que pertencia ao filho. Então Maria ensinou a criança a ver o Graal como um sinal de boa sorte. Não devia, portanto, separar-se dele jamais. E Jesus assim o fez. Durante toda sua curta existência, carregou seu tesouro escondido no alforje. Só decidiu-se a usá-lo ao celebrar, na última ceia que faria, seu iminente desprendimento da carne (e, dizem as más línguas, também do espírito). Era uma ocasião especialíssima. Então, bebeu vinho no Graal, misturado com o sangue dele e de todos os discípulos, num pacto de ajuda mútua após a morte. Mas como ia mesmo morrer, porque a idéia de ser rei dos judeus não foi muito bem aceita, ficou sem saber o que fazer com o Graal. Deu-o a seu irmão Tiago, que se engalfinhou com João dizendo "é meu", é meu!" e venceu a luta. Após a morte de Cristo, Tiago, muito desconfiado de que João tentava roubar o tesouro, resolveu
fugir da Judéia e foi parar na Bretanha. Ali, foi surpreendido, quando tentava enterrar o Graal, por soldados romanos que interpretaram mal o que ele fazia e o mataram. Como Tiago tentava cavar um buraco às margens de um rio, ao ser atingido por uma lança romana, caiu no rio, que tornou-se da cor de sangue a partir de então. O Graal caiu no rio junto com Tiago e a água o lavou sem querer. Mas isso não tem importância, porque os romanos não sabiam mesmo que aquela sujeira pregada na taça era o sangue de Cristo e, mesmo que soubessem, não teriam dado valor suficiente à relíquia. Todo o esforço de Tiago em preservar o DNA de Cristo foi-se neste episódio trágico da queda no rio. O Graal ficou limpinho e continuou seguindo o curso do rio sozinho, até não se sabe onde. Então uma bruxa celta o recolheu vários quilômetros depois e passou a usá-lo em suas bruxarias. Passando o objeto de sétima filha para sétima filha, a última, já na Espanha, esbarrou com o temível Torquemada, piromaníaco, que transformou a região num fogaréu danado de infernal. A bruxinha inadvertidamente tropeçou em um galho de árvore que um lenhador desatento e surdo não percebeu que havia deixado cair e puf... entrou de cabeça na fogueira, morrendo por asfixia porque, ao invés de tirar a cabeça do fogo imediatamente, decidiu primeiro tirar a sacolinha com o Graal dos ombros. O Torquemada, ao passar por ali, encontrou a sacolinha ainda intacta e, curioso, descobriu que em seu interior havia uma coisa parecida com taça, muito velha e suja (a bruxinha tinha por princípio não lavar a taça das poções mágicas) e aparentemente sem qualquer utilidade. Só podia ser mesmo coisa de bruxa, pensou, com horror. Melhor levá-la para a rainha Isabel, de quem era confessor, que enviaria o funesto achado ao papa Inocêncio VII para exorcizá-la. E foi o que fez. O Graal foi parar então em Roma, mas Inocêncio VII estava velhinho demais para dar importância a coisas mundanas e entregou o achado a um de seus cardeais, que sofria de TOC e não suportava a idéia de exorcizar o Graal antes de limpá-lo bem. Assim fazendo, descobriu que tratava-se de uma taça de ouro muitíssimo antiga. Devia haver demônios muito antigos e poderosos ali, já que a taça havia sido preservada, e só um demônio para fazer um objeto tão antigo vir parar em suas mãos. Talvez o próprio Asmodeu! Não convinha a um homem de tão pouca fé enfrentar demônios ferozes. Assim, resolveu levar o achado aos monges recolhidos no mosteiro de Saint Michel para que eles fizessem o trabalho sujo. No entanto, esqueceu que só se chega lá por mar e que a maré alta é perigosíssima. Quando lembrou, já era tarde. Sucumbiu amaldiçoando a taça demoníaca, mas esta foi levada pela maré alta à praia do Monte Saint Michel e resgatada pelos monges. Sem conhecimento de sua origem, os monges julgaram que haviam sido presenteados pelo próprio Deus. Como ninguém consegue entrar em certos aposentos do mosteiro de São Miguel até hoje, tudo o mais que se possa dizer a partir daí é especulação. A taça desapareceu no interior do mosteiro, transformada em relicário dos deuses. Quem a localizou e quem passou, séculos depois, a informação à CIA, que contratou secretamente Jackson Pollock para que codificasse sua localização, é um mistério. Mas a verdade é que o próprio Pollock criou sua série de números como uma mensagem cifrada da localização do Graal. Os números marcam a longitude e a latitude da taça. E foi por isso que ele morreu. Sua morte, assim como a de Diana, não foi um mero acidente de carro gerado pelo excesso de álcool do motorista, mas uma trama bem arquitetada para fazer desaparecer o autor do mapa. A CIA, ansiosa por se livrar de quem sabia demais, ajeitou o acidente de carro fatal antes de Pollock revelar o segredo. Mas esse foi o descuido fatal da Agência de Inteligência: deu um jeito de queimar o arquivo antes de perguntar a ele como ler o mapa. Sem saber o que fazer, a CIA decidiu expor os quadros em um dos lugares mais visitados por estrangeiros nos Estados Unidos: o World Trade Center. Colocaram agentes disfarçados para vigiar diuturnamente o foyer das torres, onde os quadros estavam expostos, a fim de capturar um estrangeiro desavisado que prestasse atenção em demasia à série de números (convenientemente distribuída entre os dois prédios, para impedir que fosse decifrado). O resto é o que se sabe. De alguma forma, Osama conseguiu descobrir que a série era o mapa do Graal e achou que os americanos babacas estavam brincando com ele, expondo daquela forma a localização da preciosidade. Furioso, deu um jeito de destruir as torres e o mapa. E o Graal perdeu-se para sempre.

2 comments:

Anonymous said...

Caracois, esse txt ficou espetacular!!!

sofista said...

Este texto foi criado como resposta a uma idéia originária, de um amigo virtual (John Constantine). Quando dei por mim, já tinha escrito isso tudo. Mas fica aí, que blog é para isso mesmo (pelo menos este).