Monday, March 16, 2009

Sócrates furioso

Antes tarde do que nunca.

Sócrates tinha uma paciência invejável, a julgar pelo testemunho de Platão e, claro, pelo modo como lidava com a mulher, Xantipa. Nem quando foi sentenciado, dizem as más línguas, Sócrates perdeu a paciência.

Exceto por uma vezinha só, momentos antes da morte, porque o mandaram calar.

Ninguém manda Sócrates calar, né?

Imagine. Se não escrevia, só podia filosofar falando.

No Fédon (63c), Críton explica a Sócrates que o homem responsável por lhe dar o veneno recomendou que não falasse muito, para não retardar a ação do veneno.

Sócrates respondeu, furioso:

- Dize-lhe que vá às favas! Ele que me dê o veneno duas ou três vezes, se for preciso!

Não foi preciso, mas devem ter descoberto que a fala não é tão poderosa assim.

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