Monday, October 29, 2007

Platão e as almas (2)

Uma solução possível para o problema apresentado no post anterior é:

A alma é imutável, mas guarda lembranças. A maiêutica tem a finalidade de reconduzir a alma por um caminho que a faça se lembrar daquilo que sabe, mas não sabe que sabe. A sofística, com seus subterfúgios, desviaria a alma desse percurso. Então, mesmo que a alma seja imutável, encarnada ela pode ser confundida pelo imediato.

Ah, bom.

Mas ora. Se a alma não muda, que efeito poderia ter a encarnação sobre ela? Se a encarnação tem algum efeito, estamos falando de evolução (ou involução), certo? Neste caso, a alma não é imutável, certo?

Bem, então falta considerar a hipótese de que a sofística tem efeito negativo apenas sobre a alma dos filósofos, porque as impede de alcançar a verdadeira sabedoria.

Se é assim, o filósofo-alma precisaria de outra encarnação para ser filósofo encarnado, e isso significa evolução (não da própria alma, mas de sua condição no cárcere do corpo).

Hmmm. Acho que acabei, sem querer, de resolver o problema.

Alma imortal = imutável
Alma mortal = mutável

Está bem, mas prá quê encarnar? Prá mudar?

Não. É que a alma pecou no paraíso.

Mas vou deixar o orfismo prá outro dia. Minha alma cansou.

No comments: