Saturday, October 27, 2007

Platão e as almas (1)

Falando sério, me apareceu recentemente uma dificuldade com o sistema de Platão, que ainda não consegui resolver. O problema é: se a alma é imutável (sim, em Platão ela é), e não se ensina coisa alguma (daí a maiêutica), por que, afinal de contas, os sofistas são um problema?

Por que?

Segundo o Fédon, filósofo é filósofo, bonzinho é formiga e mauzinho é lobo, certo? A alma é o que é, não muda. Logo, os sofistas não podem tornar os bons maus, nem os maus bons, nem desviar os filósofos de seu caminho iluminado.

Então, ora essa, que perigo a sofística pode representar para almas imutáveis?

Sei não, mas acho que Platão andou mudando de opinião ao longo do caminho.

Nem adianta vir com a tal teoria da divisão da alma. Nem pense em explicar o problema alegando que em alguns prevalece a alma racional, em outros a irascível, em outros ainda a concupiscente. O problema permanece, e não se acrescenta nada ao que a -- presumo -- alegoria do Fédon já havia apresentado.

Aparentemente o sistema de Platão não é tão bem fechadinho assim.

Alguém me ajuda?

Não sem debate, claro.

Reservo-me o direito de prolongar o assunto o máximo possível.

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