Tuesday, August 03, 2010

Santo Patrono da Filosofia

Comecei a ler o livro "Ética", de William K. Frankena, e desisti logo nas primeiras páginas. Não posso levar a sério um livro que se refere a Sócrates como o "santo patrono da filosofia moral" (p. 13).

Sócrates é mesmo um santo. Viveu pela filosofia. Morreu pela filosofia. E defendeu a morte da vida pela vida da morte, como Cristo. Como Cristo, foi mártir.

Lindo, mas e a filosofia?

E a reflexão crítica? Parou aí, no conveniente?

Que os santos Sócrates, Platão e Hegel me perdoem, mas não tenho mais paciência para essa confusão entre filosofia e religião, seja explícita ou velada.

3 comments:

Prof. Weber said...

Oi, Sofista,

Infelizmente e não raro a filosofia torna-se uma espécie de substituta para a religião. Como a religião não é o lugar da dúvida (e a filosofia, sim), fica um gosto de "mas isso é filosofia?". Cada vez tenho menos paciência com religião e com pseudofilosofia.

Abraços,
Weber

Taprógoras said...

Antes de tudo: Que bom que voltou moça! E que bom que não desisti de passar por aqui...

E já começo discordando (rss), pois nunca tive um exemplo de filosofia que não fosse tb uma espécie de religião...

Diferente do comentário acima, acho que a filosofia, se vc perceber bem, nunca foi o território da dúvida, mas das mais variadas certezas.. Até mesmo a sagrada certeza de "nada saber" - vide o santo patrono...

Te falo que, para mim, não tenho qualquer óbice quanto à esta confusão, pois ela me cheira trivial. O problema, e aí sim um grande problema, é quando a filosofia abre mão de sua crítica (ou reflexão crítica), e isso não tem nada a ver com estar mais ou menos confundida com a religião.

Ora, o Sufismo é bem mais crítico que qualquer Hegel da vida...

Abraço e não tire mais férias tão demoradas!

Taprógoras

IGC.Brasil said...

Provavelmente, tal dizer quanto a Sócrates quer apenas dizer o seguinte: aquele primeiro homem registrado na História Universal que deu sua vida, abertamente, em nome da verdade que sabia saber, deve, à medida que defender a verdade é o comportamento étimo mais alto a que alguém poderia chegar, receber o nome de 'exemplar' (santo) do ser filósofo.

Nada mais que isso. Concordando certamente que, de um ponto de vista estritamente filosófico, Hegel, Platão e Sócrates nunca poderão ser considerados patronos da filosofia ou ética frente a um Aristóteles ou Schopenhauer, ou ainda Kant... Etc.