Friday, July 14, 2006

Confesso que li

A essência do uno é ser uma espécie de ponto de partida do número; com efeito, a primeira medida é um ponto de partida, porque o nosso instrumento inicial de obtenção de conhecimento de uma coisa é a primeira medida de cada classe de objetos; o uno, então, é o ponto de partida do que é cognoscível no tocante a cada coisa particular. A unidade, porém, não é a mesma em todas as classes, uma vez que numa é o quarto de intervalo, ao passo que numa outra é a vogal ou a consoante. E há uma outra unidade para a gravidade e uma outra para o movimento. Mas em todos os casos a unidade é indivisível, seja do ponto de vista da quantidade, seja daquele da espécie (isto é, formalmente). Deste modo, aquilo que é quantitativamente, e enquanto quantitativo totalmente indivisível, e é destituído de posição, é chamado de unidade; e aquilo que é totalmente indivisível e tem posição, é chamado de ponto; aquilo que é divisível simplesmente, de linha, duplamente, de plano, e o que é quantitativamente divisível triplamente de corpo. E, invertendo-se a ordem, aquilo que é divisível duplamente é um plano, divisível simplesmente uma linha, enquanto aquilo que não é, de modo algum, quantitativamente divisível é um ponto ou uma unidade: não tendo posição, uma unidade e a tendo, um ponto.

Aristóteles, Metafísica V (e).

No comments: