Sunday, September 30, 2007

Fon Faniken outra vez

Lá vou eu assistir ao documentário "Eram os deuses astronautas". Li o livro na adolescência, porque era proibido, e achei uma bobagem sem tamanho. Mas, como não me lembrava de muita coisa, e jamais o lerei de novo, resolvi assistir ao vídeo. Quem sabe, né? Não custa nada.

Não consegui assistir até o final. É realmente um engodo. A parte que assisti, a metade, estava recheada de distorções históricas e, sobretudo, de apresentação de uma verdade sustentada unicamente por testemunhos (alguém disse que..., fulano afirmou que...) e pelo desejo de enxergar foguetes e capacetes em desenhos antigos.

No fundo, é o que já escrevi aqui, em outro momento: além da picaretagem mais do que evidente, há também a convicção de que o homem não é capaz de projetar e construir, com sucesso, obras arquitetônicas do porte das pirâmides do Egito, dos moares da ilha de Páscoa, e outras tantas. O raciocínio é o seguinte: o que hoje, com os meios de que dispomos, é difícil criar, obviamente seria impossível para as civilizações antigas. Logo, gente de outro planeta veio para ajudar.

Lógico.

Fon Faniken devia entrar para a lista dos dez maiores picaretas da história.

Antes que me acuse de não ser fanikeísta pelas mesmas razões pelas quais não são darwinista, assista ao documentário, prestando atenção não na tese, mas nas premissas que a sustentam. São bastante frágeis, como já afirmei acima, porque se apóiam meramente em opiniões, em fatos históricos distorcidos (p. ex., o Dr. Faniken afirma que Schliemann, grande arqueólogo, encontrou Tróia -- isso ainda não está suficientemente provado, e Schliemann está bem longe de ser considerado um grande arqueólogo) e em "leituras" de registros históricos a partir da tese. Ou seja, primeiro a tese. Depois vamos procurar indícios que a comprovem.

O que há de sério ou científico neste "método"?

Wednesday, September 26, 2007

Porque não sou darwinista

1. O darwinismo nega o criacionismo;
2. Não sou macaco;
3. O darwinismo é uma bobagem;
4. O darwinismo é definitivamente uma bobagem;
5. Não sou descendente de macacos. De jeito nenhum;
6. Não há evolução das espécies;
7. A evolução das espécies é uma bobagem;
8. A evolução das espécies é definitivamente uma bobagem;
9. Eu creio em Deus;
10. Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Ora, Deus não é um macaco. Logo, o evolucionismo é mesmo uma bobagem.

E tenho dito!

Sunday, September 23, 2007

Baixarel em Macumba

O MEC, que já havia aprovado a abertura de uma faculdade de astrologia, aprovou também a faculdade de umbanda, que já formou a primeira turma.

Bacharelado, ora pois. O licenciado certamente ficaria desempregado, porque nosso estágio atrasado de desenvolvimento espiritual e marcante interesse mercadológico não permitiria a um licenciado que ganhasse dinheiro dando aulas de umbanda em escolas de primeiro e segundo grau. Pelo menos, quero crer que não.

Se estiver interessado, trata-se da FTU, Faculdade de Teologia Umbandista, de São Paulo. Veja o site da FTU clicando no título deste post.

Verdade seja dita: se ainda há faculdades de teologia pelo país afora, coisa que já devia ter desaparecido há muito tempo, deve-se aceitar também faculdades de umbanda, quimbanda, espiritismo, reiki, islamismo, judaísmo, taoísmo, astrologia, tarot, numerologia, adoradores de saci-pererês, duendes e boitatás, parapsicologia, runas, quiromancia, bruxaria etc etc.

Tudo bem. Pode-se estudar a umbanda como folclore. Mesmo assim, é curioso que haja uma faculdade de folclore. Ou folclórica, melhor dizendo.

Eu gostaria mesmo é de cursar uma faculdade de vidência. Daria prá ganhar um bom dinheiro prevendo o futuro com qualificação superior, diplominha na parede, pós-graduação em vidência pós-moderna e mestrado em futurologia. O MEC aprovaria, com certeza. Daí teríamos, nós, os videntes graduados, um conselho com regulamentação e código de ética, que impediria os não-graduados (os videntes práticos) de exercer a profissão, e os graduados, de exercer a profissão em benefício próprio. Afinal, a vidência e a assistência social estão intimamente ligadas.

Ah, sim: a grande referência intelectual seriam as Centúrias, de Nostradamus.

E vamo que vamo!

Tuesday, September 18, 2007

O homem por trás da sofística

Havia, na Atenas do século V, um tal Cálias, um homem rico, que não poupava gastos para educar seus filhos. Diz Platão, na Apologia a Sócrates, que Cálias é o homem que mais gastou com os sofistas. O que ele investiu nos novos professores supera, segundo Platão, o que todos os outros, juntos, gastaram.

Não deve ter sido em vão. De um jeito ou de outro, o ensino deve ter dado resultado.

Tuesday, September 11, 2007

Capitalismo

E por falar em Cristianismo, escutei de um colega que a primeira instituição capitalista, antes mesmo do capitalismo, é a Igreja Católica.

Tenho de concordar.

A Igreja é mesmo uma empresa, e das mais eficientes: cobrava pelo perdão, por casamentos, missas, funerais; forjava relíquias, negociava investiduras, investia em terras e educação, para dizer o mínimo, e impede os padres de casar, para não dividir o tesouro.

Melhor ficar por aqui.

Thursday, September 06, 2007

Emily Rose

Depois de ouvir falar muito bem do filme "O exorcismo de Emily Rose", resolvi assisti-lo. Pensei que levaria sustos, ou que ficaria até um pouco impressionada, já que, como quase todo mundo, tive medo do diabo na infância.

Foi uma decepção completa. Não há uma única cena assustadora, nadinha mesmo. Propaganda enganosa.

Mas o pior é a clara mensagem de que o diabo realmente existe. Depois que Emily Rose sofre o que sofre, tem uma visão de Maria, aquela mulher que nunca foi tentada pelo diabo, dizendo à jovem que ela é uma santa (sim, uma santa) e que seu suplício tem a finalidade de mostrar ao mundo que o diabo existe e, por tabela, que deus existe.
Emily para de lutar contra o diabo, aceita-o no corpo e morre como um mártir. Mas, coitadinha, seu martírio não serviu prá nada, porque continuamos tão obtusos quanto sempre.

Puxa, deus precisava fazer tudo isso com a menina só prá provar que existe? E o diabo colaborou, mesmo depois que Maria revelou a verdade? Achava que ele era mais esperto. Pensando bem, era esperto mesmo. Sabia que não ia adiantar nada.

Triste mesmo é saber que esta é uma história real. Anneliese Michel (clique no título para mais informações) morreu em 1976, após meses convivendo com seis demônios dentro do corpo. Os padres, coitados, fizeram o impossível para retirar os demônios, inclusive aconselhando-a a não tomar os remédios recomendados pelos médicos. Era um problema espiritual, claro.

O filme é deplorável. Uma peça infeliz, que só contribui para alimentar a superstição, a ignorância e a má-fé.

Me incomoda que tenha sido recomendado.

Sunday, September 02, 2007

Roma

Após um longo período sem escrever, eis-me de volta. Até o final do ano as postagens serão irregulares, já que meu tempo virou abóbora. Em todo caso, vou tentar ser mais frequente até lá.

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Estou viciada em seriados e em filmes. Depois de Lost, assisti a Roma. Tudo o que se diz sobre a série é verdadeiro (violência, sexo e política). Bem, acrescentando a criação do Direito, Roma não era muito mais que isso, né? Mas a série, ficcional, é bem interessante. Aborda o período entre a ascensão de Júlio César e a queda de Cleópatra e Marco Antônio sob o poderio bélico e a astúcia de Otávio. Há personagens que são uma composição de algumas figuras femininas da história de Roma (como Atia, a mãe de Otávio, que tem muito mais a ver com a mãe de Nero, e Otávia, que parece estar mais próxima da filha de Otávio que da irmã). Mas o mais interessante da série é que a política de Roma deste período é contada a partir da história fictícia de dois gladiadores, Lucius Vorenus e Titus Pullo. O entrelaçamento da vida pública com a vida privada, sobretudo da vida privada de figuras anônimas, e a influência involuntária destas figuras nos rumos da política é inteligente e bem articulado. Vale a pena ver, mas é preciso ter estômago, especialmente na segunda temporada.

Infelizmente a série acabou. Mas é de se entender porquê: a partir da ascensão de Otávio, a política e a democracia romanas praticamente morrem.