Sunday, July 30, 2006

Delírios de Rousseau (1): Nobres animais

Já dizia Jean-Jacques Rousseau:

"Aí estão, sem dúvida, os motivos pelos quais os negros e os selvagens dão tão pouca importância aos animais ferozes que possam encontrar nos bosques. Os caraíbas da Venezuela, entre outros, vivem, a esse respeito, na mais profunda segurança e sem o menor inconveniente. Embora vivam quase nus, diz François Correal, não deixam de corajosamente expor-se nas matas, armados unicamente de flecha e arco. Jamais se ouviu falar, no entanto, que alguns deles tenham sido devorados pelos animais." [Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, 1a. parte].

Sei não, mas acho que ele pensava que os animais selvagens respeitam a coragem.

Será?

Thursday, July 27, 2006

Bordeline

Diógenes Laércio conta que, quando o filho de um tal Crates atingiu a idade adulta, o pai o levou a um bordel e lhe disse: "foi assim que me casei".

O que isso pode significar?

Wednesday, July 26, 2006

Não alimente o troll

Um troll é alguém que entra em uma comunidade online e envia mensagens ofensivas, rudes ou repetitivas apenas para irritar e atrapalhar o andamento das discussões. O troll é o indivíduo que participa de discussões com o objetivo de gerar o caos. Se você responder às provocações ou tentar chamá-lo à razão, estará somente alimentando o círculo vicioso: o troll diz que você é um troll, você reage, ele usa sua reação para mostrar que tem razão, e assim por diante. O melhor a fazer é ignorar.

Monday, July 24, 2006

Escola de Escravos

Li na Ética a Nicômaco, de Aristóteles (I,1), que em Siracusa um preceptor abriu uma escola para ensinar, sob pagamento, as crianças a serem escravas. Fiquei imaginando como é que uma coisa assim pode funcionar. É claro que o dono do escravo teria de pagar para que ele aprendesse o ofício que lhe seria destinado, mas o escravo não aprendia o ofício com os mais velhos, sem custo algum para o dono? Então. Acho que essa escola fechou logo que abriu.

Friday, July 21, 2006

Universalizável

Recebi por e-mail:

Um pescador estava tomando cuidado de vários cestos de caranguejos vivos. Quase todos tinham tampa, com exceção de um. Um comprador parou e perguntou porque apenas aquele cesto não tinha tampa: "É que são caranguejos brasileiros." - respondeu o pescador. "Quando um está subindo, os outros puxam para baixo..."

Acho que há um engano aí. Estamos falando de ser humano, e não apenas de brasileiros.

Tuesday, July 18, 2006

Morro de pena

Estava assistindo, outro dia, a um documentário do NetGeo sobre fobias e fiquei muito espantada ao descobrir que uma mulher tem fobia de pena de ave.
Isso mesmo, pena. Não pássaros, mas sim penas.

Como é que pode?

Eu sei que fobia é exatamente medo irracional, mas isso é demais, né não?

Se fosse medo de baratas, vá lá. Afinal, baratas são animais horrendos, estão vivas e atacam seres humanos, mas de onde poderia vir um medo tão absolutamente irracional de penas de aves? O que há nelas para se temer?

Sobretudo, o que terá acontecido durante a infância dessa pobre criatura?

Friday, July 14, 2006

Confesso que li

A essência do uno é ser uma espécie de ponto de partida do número; com efeito, a primeira medida é um ponto de partida, porque o nosso instrumento inicial de obtenção de conhecimento de uma coisa é a primeira medida de cada classe de objetos; o uno, então, é o ponto de partida do que é cognoscível no tocante a cada coisa particular. A unidade, porém, não é a mesma em todas as classes, uma vez que numa é o quarto de intervalo, ao passo que numa outra é a vogal ou a consoante. E há uma outra unidade para a gravidade e uma outra para o movimento. Mas em todos os casos a unidade é indivisível, seja do ponto de vista da quantidade, seja daquele da espécie (isto é, formalmente). Deste modo, aquilo que é quantitativamente, e enquanto quantitativo totalmente indivisível, e é destituído de posição, é chamado de unidade; e aquilo que é totalmente indivisível e tem posição, é chamado de ponto; aquilo que é divisível simplesmente, de linha, duplamente, de plano, e o que é quantitativamente divisível triplamente de corpo. E, invertendo-se a ordem, aquilo que é divisível duplamente é um plano, divisível simplesmente uma linha, enquanto aquilo que não é, de modo algum, quantitativamente divisível é um ponto ou uma unidade: não tendo posição, uma unidade e a tendo, um ponto.

Aristóteles, Metafísica V (e).

Monday, July 10, 2006

Friday, July 07, 2006

Coisa de grego (5): Protagonismo

Quem é o protagonista da novela das oito? E da novela das sete? E da novela das seis?

A rigor, teríamos de rever os primeiros capítulos para saber.

É que protagonista vem de proto (primeiro, origem) e agon (conflito). As disputas verbais entre as personagens constituía a base do teatro grego clássico. Protagonista (ou protoagon) era simplesmente o primeiro a falar, na disputa verbal. Por ser o primeiro a falar (ou entrar em cena), o protagonista gerava ou apresentava o conflito que dava sentido à peça e, por isso, podia ser considerado a personagem principal. Daí o sentido que lhe damos hoje.

Tuesday, July 04, 2006

Achamos um elo perdido

Foram encontrados, em 2004, no Canadá, fósseis de animais que supostamente seriam o elo entre os animais terrestres e os peixes. Estes animais, de cerca de 383 milhões de anos, seriam semelhantes a crocodilos, mas com barbatanas. Os cientistas acreditam que sejam de uma espécie intermediária entre os animais aquáticos e os anfíbios.

Vamos ter de esperar passar o entusiasmo para que a descoberta seja avaliada com maior isenção, mas, se for como os cientistas estão dizendo, os evolucionistas têm mesmo muito o que comemorar.

Monday, July 03, 2006

Fogo sagrado

Jesus está de volta, e em grande estilo. Desta vez, deixou marcas de dedos nos braços de um fiel.

Em 9 de novembro de 1994 um tal Raymond, recém-chegado em um monastério, acendou cinco velas e começou a rezar. De repente, sentiu que havia alguma mudança no ambiente: o vento ficou mais forte, a temperatura começou a subir e as chamas das cinco velas pararam de se mover, embora continuassem queimando. Então Raymond sentiu como se estivesse sendo transportado da escuridão para uma luz intensa, e retornou ao mundo real após quatro horas, com marcas de queimadura no braço direito em formato de cinco dedos (veja a foto no site). Desde então a experiência tem se repetido com frequência. A julgar pela história, Cristo pretende queimar o braço de Raymond sempre que tiver algo a dizer. Mas tudo bem. Raymond gosta e ainda está ficando famoso.

Saturday, July 01, 2006

Nefelibata (11): Cumulonimbus

Prosseguindo em nossa jornada de apresentação dos signos nefelibatas
(aqueles que são orientados pela posição das nuvens no céu no momento do nascimento), passemos agora ao penúltimo signo: o Cumulonimbus.

As nuvens Cumulonimbus são altas, espalhadas no céu, às vezes assumindo o formato de uma bigorna. Associam-se a chuvas fortes, raios, granizo e tornados. Portanto, se você é um nativo desta nuvem, evite más companhias e cuide bem de suas finanças, pois você tende a ter problemas mundanos relacionados a dinheiro, especialmente a convicção de que, se não gastá-lo, ele terá valor. Será melhor simplesmente deixar passar uma semana ou duas antes de começar a guardar dinheiro, Cumulonimbus. Normalmente você não é de deixar nada para o dia seguinte, mas pondere sobre o benefício que advirá de uma atitude paciente: você passará duas semanas gastando tudo o que tem. Depois, é só deixar que a sua natureza otimista se encarregue do resto: minimize a crise financeira considerando que você já tem quase tudo de que precisa e não terá mais que guardar dinheiro.

Alerta de trânsito

Entre os dias 01/07 (hoje) e 14/07, a nuvem Cirrus estará transitando pela sua quarta casa nefelibata, em oposição a Stratus. Este é o momento certo para ficar em casa. Momento propício também para viagens. Grande satisfação e realização pessoal podem ser encontradas na arrumação do quarto. Sobretudo, não se leve muito a sério, Cumulonimbus. Este é a regra número um do manual do bom e sábio nefelibata: não perca a grande chance de não se levar a sério deixando para amanhã o que poderia ser feito hoje.